7 de janeiro de 2025
"Muro de aço" do governo Biden redefine nacionalismo econômico contemporâneo
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Uma nova decisão da administração Biden, que vive seus últimos dias antes de entregar o poder a Donald Trump, deu um passo decisivo, que redefine o nacionalismo econômico no mundo hoje.

Em uma decisão que marca história, o presidente dos EUA, Joe Biden, bloqueou a tentativa da japonesa Nippon Steel de adquirir a US Steel em um acordo avaliado em US$ 14,9 bilhões, justificando a medida com preocupações sobre “segurança nacional” e a necessidade de proteger cadeias de suprimentos estratégicas.

Essa decisão, tomada nos momentos finais do atual governo, vai além de simplesmente barrar investimentos estrangeiros: ela é uma declaração de que pilares industriais estratégicos dos EUA, como a indústria do aço, não estão à venda, nem mesmo para seus aliados mais próximos.

O aço, essencial para a infraestrutura e a força militar, não é apenas uma mercadoria comum. Ele é a base de pontes, tanques e arranha-céus nos EUA, sendo tão crucial para a segurança nacional quanto soldados e satélites. Essa lógica reforça a relevância estratégica da decisão do governo Biden.

Ao garantir que a US Steel permaneça sob controle americano, a administração Biden traçou uma linha clara, afirmando que certas indústrias são críticas demais para serem controladas por entidades estrangeiras.

Em comunicado, Biden afirmou: “Sem a produção doméstica de aço e os trabalhadores do aço, nossa nação é menos forte e menos segura.” Essa mensagem ecoa em um país onde o declínio da manufatura deixou feridas profundas nas comunidades e alimentou movimentos políticos populistas.

A decisão também se alinha com o compromisso mais amplo da administração de proteger empregos e indústrias americanas, um tema que ganhou apoio bipartidário. Até mesmo o sucessor de Biden expressou posições semelhantes. Contudo, essa política vai além da economia; ela envolve geopolítica.

Ao rejeitar a proposta da Nippon Steel, os EUA reforçam seus esforços para manter a independência em setores estratégicos, especialmente em um contexto de rivalidade econômica crescente com a China, cuja influência global é cada vez mais evidente.

Para o Japão, a decisão de Biden foi um golpe duro. A Nippon Steel havia garantido que não reduziria a capacidade de produção das fábricas da US Steel por uma década. Ainda assim, seus argumentos não foram suficientes. Washington, ao que parece, continua a tratar Tóquio como uma aliada subordinada. E, para os EUA, uma subordinada não pode controlar indústrias estratégicas.

As implicações desse movimento vão além do Japão. Aliados americanos, incluindo a União Europeia, observam atentamente. A decisão reforça a percepção de que os EUA priorizam sua segurança econômica em detrimento dos interesses de seus parceiros, o que pode abalar alianças e incentivar países como Japão e membros da UE a buscar laços econômicos mais fortes com outras nações.

A postura protecionista de Washington pode acelerar a regionalização da economia global. Países excluídos dos mercados americanos podem intensificar acordos comerciais regionais, como o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP) ou a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP). Esses acordos, que não incluem os EUA, podem se tornar plataformas para que países reduzam sua dependência dos mercados americanos e criem novas alianças econômicas.

Isso pode levar a uma economia global mais fragmentada, com blocos regionais cada vez mais autossuficientes.

Enquanto os EUA levantam barreiras ao investimento estrangeiro, a China pode se posicionar como um parceiro mais confiável para países interessados em diversificar suas relações econômicas.

Embora a decisão da administração Biden possa proteger empregos e indústrias americanas a curto prazo, ela apresenta riscos de longo prazo. Ao afastar investimentos estrangeiros, os EUA podem perder oportunidades de modernizar suas indústrias e fortalecer sua competitividade global. Além disso, o protecionismo pode enfraquecer a liderança americana na economia mundial, à medida que outras nações buscam mercados e parceiros alternativos.

No fim, uma coisa parece clara: a resistência às políticas protecionistas dos EUA pode empurrar o mundo para uma ordem econômica mais multipolar.

Por Global Times
Publicado em 6 de janeiro de 2025

Fonte: https://www.ocafezinho.com/2025/01/06/muro-de-aco-do-governo-biden-redefine-nacionalismo-economico-contemporaneo/