8 de setembro de 2025
fundador de gestora suspeita de lavar dinheiro para o crime
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A Reag Investimentos anunciou neste domingo (7) uma reviravolta em sua estrutura de governança e no controle acionário. O fundador e presidente do conselho de administração, João Carlos Falbo Mansur, renunciou ao cargo, marcando o fim de uma trajetória de quase duas décadas à frente do grupo. A decisão ocorreu em meio à venda da companhia e ao impacto de investigações ligadas à operação da Polícia Federal contra o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Mudanças no comando

Além da saída de Mansur, o movimento incluiu a renúncia de Altair Tadeu Rossato, que ocupava o cargo de conselheiro independente e era membro do comitê de auditoria, e de Fabiana Franco, diretora financeira. Segundo comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os substitutos serão escolhidos pelo conselho remanescente, conforme o estatuto social da companhia, para completar os mandatos em andamento.

Negócio fechado por R$ 100 milhões

Paralelamente às mudanças na diretoria, a Reag anunciou a venda de 87,38% de seu capital para a Arandu Partners Holding, formada pelos principais executivos da própria gestora. A operação foi avaliada em R$ 100 milhões, com previsão de pagamentos adicionais atrelados ao desempenho da empresa nos próximos cinco anos.

A conclusão da transação dependerá do cumprimento de exigências legais, entre elas a realização de uma oferta pública de aquisição (OPA) de ações para atender aos acionistas minoritários, conforme determinam a legislação societária e as regras do Novo Mercado da B3.

Operação da PF e suspeitas de ligação com o PCC

O anúncio da venda do controle ocorreu logo após a Reag ter sido alvo de uma megaoperação contra o PCC. A sede da empresa, localizada na avenida Faria Lima, em São Paulo, foi alvo de mandados de busca e apreensão.

As investigações apontam a existência de um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro envolvendo fundos de investimento, fintechs e empresas do setor de combustíveis. De acordo com a Polícia Federal, a Reag teria sido utilizada para estruturar fundos destinados à compra de empresas e à blindagem do patrimônio de criminosos.

Em nota oficial, a companhia negou qualquer envolvimento: “Nunca manteve, mantém ou manterá qualquer relação com grupos criminosos, incluindo o PCC, nem com quaisquer atividades ilícitas. A companhia atua de forma estritamente regular, sempre em conformidade com a legislação vigente e sob rígidos padrões de governança, compliance e auditoria”.

Quem é João Carlos Mansur

Figura central da trajetória da Reag, João Carlos Mansur construiu carreira sólida nos setores financeiro, imobiliário e de infraestrutura. À frente da Reag Capital Holding por 18 anos, consolidou a empresa como uma das maiores gestoras independentes do país. Em 2025, assumiu o conselho da Reag Investimentos, do qual agora se afasta.

Mansur também acumula experiência em conselhos de empresas nacionais e internacionais. Entre suas participações estão GetNinjas, Lux Oil & Gas International, Blum Cia. de Securitização, Santos Dumont Empreendimentos, FYP Engenharia e Victoria Properties.

Sua trajetória inclui passagens por multinacionais como Monsanto e PwC, além da atuação em gigantes do mercado imobiliário, como Tishman Speyer e Trump Realty Brazil. Foi também protagonista de um dos projetos mais emblemáticos da última década: a concepção do Allianz Parque, arena multiuso construída em parceria entre o Palmeiras e a WTorre, que mudou o padrão de estádios no Brasil.

Futuro da Reag em disputa

Com a entrada da Arandu Partners Holding, formada pelos executivos da própria Reag, o grupo busca demonstrar solidez e continuidade, em meio à turbulência provocada pelas investigações. Resta agora saber se os novos controladores conseguirão preservar a imagem da companhia no mercado e cumprir as exigências regulatórias necessárias para consolidar a transação.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pcc-na-faria-lima-fundador-de-gestora-suspeita-de-lavar-dinheiro-para-o-crime-organizado-renuncia-ao-cargo/