
O conselho de administração da Petrobras aprovou, na noite desta quinta-feira (7), o retorno da companhia ao segmento de distribuição de gás de cozinha, também conhecido como GLP (gás liquefeito de petróleo). A estatal havia deixado esse mercado em 2020, com a venda da Liquigás para um consórcio de empresas privadas.
A decisão marca uma mudança significativa no posicionamento da empresa, que agora incluirá essa atuação no novo plano estratégico. Em nota, a Petrobras afirmou que o objetivo é “atuar em negócios rentáveis e de parcerias nas atividades de distribuição, observadas as disposições contratuais vigentes”.
O retorno, no entanto, respeita limitações impostas por contratos anteriores. A estatal está impedida de operar na distribuição de combustíveis líquidos, como gasolina e diesel, até 2029 — uma cláusula de não competição estabelecida quando vendeu a BR Distribuidora (atual Vibra) em 2021.
Nova estratégia inclui foco ambiental e internacional
O novo direcionamento estratégico da Petrobras contempla não apenas a reentrada no mercado de GLP, mas também a integração com outros negócios da companhia no Brasil e no exterior, além da oferta de soluções com menor impacto ambiental.
“Atuar na distribuição de GLP, integrar com demais negócios no Brasil e no mundo e oferecer soluções de baixo carbono para seus clientes”, são os três eixos destacados pela companhia para a retomada no setor.
Ainda não está definido, porém, de que forma se dará essa retomada: se por meio da venda direta a grandes consumidores, como indústrias, ou na comercialização de botijões voltados para o público residencial.
Críticas à venda da Liquigás e alta do preço do botijão
A venda da Liquigás, efetivada em 2020 por R$ 5,3 bilhões, gerou críticas desde o início. O negócio foi fechado com um consórcio formado pelas empresas Copagaz, Nacional Gás Butano e Itaúsa, com os ativos divididos para obter aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A operação sempre foi alvo de críticas por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidente da estatal, Magda Chambriard. Para ambos, a saída da Petrobras do mercado de distribuição comprometeu o papel da empresa na regulação dos preços ao consumidor.
“O botijão de gás é vendido pela Petrobras para as empresas a R$ 37. Não tem explicação [para] ele chegar para o povo a R$ 120, a R$ 130 a R$ 140. Alguém tá ganhando muito dinheiro”, afirmou Lula em evento realizado no Rio de Janeiro.
Limitações contratuais e foco direto no consumidor
Além das críticas à venda da Liquigás, Lula e Magda também vêm se manifestando contra a venda da BR Distribuidora, hoje chamada Vibra, para investidores privados. O argumento é o mesmo: a perda da capacidade de influenciar diretamente os preços dos combustíveis nos postos.
No caso da BR, no entanto, a Petrobras está juridicamente impedida de retornar à distribuição de combustíveis líquidos até 2029, por cláusula contratual.
Enquanto isso, a companhia aposta na venda direta de diesel para grandes consumidores, como transportadoras e indústrias, estratégia que vem ganhando força nos últimos meses.
A decisão de voltar ao mercado de gás de cozinha sinaliza um movimento de reaproximação com o consumidor final, especialmente os de baixa renda, que são os mais afetados pelo aumento do preço do botijão nos últimos anos.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/petrobras-anuncia-retorno-ao-mercado-de-gas-de-cozinha-apos-quatro-anos/