22 de outubro de 2025
Ibama autoriza Petrobras a perfurar poço de petróleo na Foz
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A Petrobras comunicou ao Ibama que iniciou a perfuração de um poço exploratório no bloco 59 da bacia da Foz do Amazonas em 20 de outubro de 2025 — o mesmo dia em que a licença de operação para a pesquisa foi assinada pelo órgão ambiental.

De acordo com o documento, obtido pela Folha de S.Paulo, a estatal declarou que “a perfuração do poço exploratório […] teve início em 20/10/2025”. Ainda que o horário exato não tenha sido informado, o registro no sistema do Ibama mostra que a assinatura da licença ocorreu às 12h14 no fuso de Brasília, segundo dados da instituição.

Cronologia e contexto

A operação em questão refere-se à fase de pesquisa — ainda sem produção — no bloco 59, localizado na margem equatorial brasileira, na região da Foz do Amazonas.
Fontes que acompanham o processo afirmam que, desde meados de agosto, a sonda de perfuração já estava posicionada no local e realizava simulações de emergência, uma exigência dentro do licenciamento.
Nas semanas que antecederam a emissão da licença, o Ibama e a Petrobras também mantiveram reuniões para tratar de pendências, dentre elas o pagamento das taxas de emissão de licença — indício de que o impasse havia sido solucionado.

As condicionantes ambientais e os riscos apontados

O parecer técnico final do Ibama indicou que, embora não haja impedimentos formais ao empreendimento, ele está condicionado ao cumprimento de 34 exigências, entre elas a elaboração de planos de proteção à fauna e à flora, além de resposta a emergências.

O documento cita, por exemplo, que a embarcação principal de apoio a emergências, com base no Pará, poderia levar até 55 horas para atingir o local da perfuração — enquanto uma unidade destacada pela Petrobras poderia fazer o primeiro atendimento em cerca de 26 horas. Também é exigida uma compensação ambiental de R$ 39,6 milhões.
Além disso, o parecer técnico recorda que há risco concreto para espécies ameaçadas — como o peixe-boi — e que a AGU (Advocacia-Geral da União) permitiu que o processo de licenciamento ignorasse impactos a povos indígenas.

Reações e implicações

Para especialistas em meio ambiente e representantes de povos indígenas, a rapidez entre a emissão da licença e o início da perfuração acende alertas. O fato de a sonda já estar posicionada desde agosto levanta questionamentos sobre se todo o licenciamento estava realmente concluído antes do início das operações.
Por outro lado, a Petrobras afirma que a perfuração começou “após a concessão de licença pelo Ibama”, conforme dito pela empresa à reportagem.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/petrobras-inicia-perfuracao-na-foz-do-amazonas-no-mesmo-dia-da-licenca/