21 de outubro de 2025
Presidente da Petrobras diz que risco de explorar Margem Equatorial
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A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou em entrevista à coluna de Míriam Leitão, no jornal O Globo, que a licença concedida pelo Ibama para a perfuração do primeiro poço na Margem Equatorial, na costa do Amapá, marca o início de uma nova frente de pesquisa exploratória no país. Segundo ela, o projeto representa uma oportunidade estratégica para o desenvolvimento da região Norte e para o futuro energético do Brasil.

Os estudos da estatal indicam que a área pode ter alto potencial petrolífero, mas Magda faz questão de reforçar o caráter de pesquisa da iniciativa. “Isso aí é uma busca de uma agulha num palheiro”, disse, lembrando que a Bacia de Campos só foi descoberta no nono poço perfurado.

— Mapeamos, em 2013, uma oportunidade exploratória relevante no Amapá. Se isso vai resultar numa descoberta ou numa descoberta comercial é outra conversa. Gosto de dizer o seguinte: quem descobre o petróleo é a broca. Todos os outros métodos são indiretos — afirmou.

Risco alto e aposta otimista

A presidente destacou que a Margem Equatorial ainda é uma área de grande incerteza geológica. “O que estamos fazendo é pesquisa. E essa pesquisa progressiva é que vai levar à conclusão de se teremos ou não algo relevante para o Brasil. Os estudos que temos desde aquela época indicam que sim”, explicou.

Mesmo assim, ela reconhece que o risco exploratório é elevado. “Há uma série de premissas que podem ou não se confirmar. O risco exploratório é sempre muito alto. Particularmente, eu estou otimista”, disse Magda, ressaltando que a Petrobras busca “uma transição energética justa, que caminhe junto com as necessidades de desenvolvimento de uma sociedade que quer viver bem, mas sem destruir o planeta”.

Expansão para além do Sudeste

Magda Chambriard defendeu a escolha da Margem Equatorial e do Amapá como parte de uma estratégia para descentralizar investimentos da estatal. Segundo ela, a concentração das operações no Sudeste e no Centro-Oeste precisa ser repensada para estimular o desenvolvimento em outras regiões.

— O pré-sal é altamente concentrado no Sudeste do Brasil. O Sistema Interligado de Energia também é basicamente Sudeste e Centro-Oeste. E onde acontece pouca coisa? No Norte, no Nordeste e no Sul. Então, decidimos licitar áreas nessas regiões, para descentralizar os investimentos exploratórios e levar desenvolvimento a partes do Brasil historicamente menos favorecidas — explicou.

Embate produtivo com o Ibama

A executiva avaliou como “proveitoso” o processo de análise e concessão da licença pelo Ibama, que levou mais de um ano e gerou intenso debate técnico e ambiental.

— Achei que esse embate com o Ibama foi muito proveitoso. Talvez mais complicado do que a gente gostaria, mas muito positivo. Conseguimos chegar a um ponto que desse conforto para nós e para eles. A discussão, a troca de ideias e o embate de áreas diferentes só aprimoram o processo. A gente não pode desqualificar a expertise do outro — afirmou.

Magda disse ainda que o processo foi aprimorado e elogiou as exigências ambientais impostas. “Estamos oferecendo o maior plano de emergência individual já visto no planeta para esse tipo de projeto. A Petrobras está confortável porque está ofertando algo bom para o país e, ao mesmo tempo, atuando com responsabilidade”, destacou. “É o que a gente chama de sinergia: desenvolver e cuidar ao mesmo tempo.”

Próximos passos e novos poços

Segundo a presidente, a Petrobras já iniciou pedidos de licenciamento para outros cinco ou seis poços na mesma região do Amapá, todos na área denominada Amapá Águas Profundas, licitada originalmente em 2013.

— Esses processos estão em andamento porque, no passado, a Petrobras optou por pedir a licença de um poço primeiro e, depois, as demais. Fizemos esses outros pedidos no ano passado — disse.

Caso seja identificada uma descoberta, a Petrobras terá de elaborar um novo plano de desenvolvimento da área. “Aí teremos que fazer um novo estudo para ver como produzir nessa área. Será preciso desenvolver um projeto muito robusto”, explicou Magda.

O cronograma é longo: o ciclo completo entre a perfuração e uma possível produção pode levar de sete a dez anos.

Expectativa de resultados em 2025

A perfuração do primeiro poço, que começa agora, deve oferecer resultados concretos em março de 2025.

— Vamos saber o que tem nesse poço lá para março. Não sabemos se será uma descoberta ou não. Se for, outros poços ao redor começam a delimitar a área, e o processo acelera — afirmou Magda Chambriard.

Ela explicou que, em caso de sucesso, o mapeamento de uma eventual descoberta pode levar cerca de um ano e meio. Mas, se o poço não revelar petróleo, o trabalho seguirá com novas perfurações. “Mesmo que o primeiro poço seja seco, isso não quer dizer nada”, completou.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/presidente-da-petrobras-diz-que-risco-exploratorio-da-margem-equatorial-e-alto-busca-de-agulha-num-palheiro/