3 de março de 2025
Produtores traçam cenário mais otimista ao governo com preços dos
Compartilhe:

Em reuniões realizadas na semana passada com representantes do setor privado, para discutir formas de reduzir os valores cobrados pelos alimentos e, com isso, evitar novas altas na inflação, o governo ouviu um cenário mais otimista: com a colheita da safra de grãos, a tendência é de queda nos preços.

No caso da carne bovina, a cotação do produto, que havia ficado 15% mais barato em fevereiro, ante dezembro, pode ter uma nova queda de 10%. Foi o que informaram representantes dos produtores que estiveram reunidos com os ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, Carlos Fávaro e Paulo Teixeira, na quinta-feira passada.

Usados como ração para animais, o aumento da produção de milho e soja fará com que as carnes em geral, incluindo suína e de frango, ficarão mais baratas, segundo relatos feitos ao GLOBO sobre as reuniões. Matéria-prima para o óleo de cozinha, a ampliação da oferta de soja vai se refletir no preço do produto nas gôndolas dos supermercados, espera o governo.

A alta da inflação preocupa o governo. O preço dos alimentos mais alto é apontado como uma das causas da queda de aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), este ano a safra de grãos, que já começou a ser colhida, será recorde, com um volume de 325,7 milhões de toneladas. A ideia é que a estatal pudesse intervir no mercado, para evitar o desabastecimento e alta de preços, mas quase não há estoques reguladores disponíveis.

Entre as medidas para forçar a queda de preços no mercado interno, uma delas é a redução das tarifas de importação de produtos como milho e etanol. Mas, se as altas pararem, os estudos serão suspensos.

A prévia da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), mostra que a inflação de alimentos teve um recuo na primeira quinzena de fevereiro. Entre as quedas registradas, estão a batata-inglesa (8,17%), o arroz (1,49%) e as frutas (1,18%). Apesar desse cenário, o governo decidiu “não baixar a guarda”, conforme um ministro de Estado.

Um novo encontro entre governo e setor privado, desta vez ligado ao varejo, deve acontecer nesta quinta-feira. A expectativa é que a reunião — anteriormente prevista para acontecer com a presença de Lula — seja comandada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Estarão presentes representantes dos setores de etanol, soja, milho e carnes.

No caso do etanol, a queda da tarifa pode ser usada em uma negociação com os Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, anunciou uma tarifa adicional de 25% às importações de aço e alumínio e ameaçou subir as alíquotas de produtos que têm imposto maior do que o cobrado pelo governo americano. Um deles é o etanol, tributado em 18% quando chega ao Brasil e em apenas 2,5% se for exportado para os EUA.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/produtores-tracam-cenario-mais-otimista-ao-governo-com-precos-dos-alimentos-devendo-cair-com-colheita-da-safra/