17 de julho de 2025
Queda generalizada nos preços acelera recuo do IGP-10 em julho,
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A retração dos preços nas principais cadeias produtivas do país resultou em um recuo expressivo de 1,65% no Índice Geral de Preços – IGP-10 no mês de julho, segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado, que aprofunda a queda observada em junho (-0,97%), reflete a desaceleração simultânea do atacado, do varejo e dos custos da construção civil.

No Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do IGP, a redução foi de 2,42%, com destaque para o café, que historicamente figurava entre os itens que mais pressionavam a inflação, mas que agora lidera a queda. O movimento negativo se espalhou por toda a cadeia produtiva, desde as matérias-primas até os bens finais.

Repasse mais disseminado e cadeia sincronizada

Segundo o economista Matheus Dias, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre), o recuo nos preços do produtor está se espalhando de forma mais uniforme ao longo das cadeias produtivas.

— Observamos que há uma disseminação de queda em todas as cadeias produtivas dentro dos preços do produtor. Muitas vezes, há choques de preço, seja de alta ou baixa, nos insumos mais básicos, nas commodities, mas nem sempre você tem o repasse de forma mais intensa em todas as cadeias, como se vê agora. Isto porque, há repasses que ficam ao longo da cadeia e chegam em bens finais muito pequenos, às vezes, não chegam. Agora, a análise mostra que o repasse tem acontecido de forma mais intensa ao longo de toda a cadeia produtiva. O que permite prever que esse efeito vai chegar ao preço para o consumidor à frente com maior intensidade, já que há defasagem nesse processo — explicou Dias.

Gasolina ajuda no alívio ao consumidor

No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-10, a variação foi de apenas 0,13% em julho, desacelerando em relação aos 0,28% observados em junho. O item de maior impacto na queda foi a gasolina, cujo preço mais baixo contribuiu para suavizar a inflação percebida diretamente pelos consumidores.

Segundo Matheus Dias, o grupo de alimentos também tende a refletir mais rapidamente as reduções observadas no atacado, ampliando a perspectiva de alívio no curto prazo:

— Quando há quedas de preços ao nível do produtor, o comportamento esperado é que vejamos o mesmo movimento no varejo, mesmo que a intensidade não seja a mesma. Nos itens industriais, principalmente os duráveis, a relação é mais complexa, pois depende de condições de mercado e nível de estoques do setor, fazendo com que variações nos preços ao produtor não sejam refletidas no curto prazo nos preços ao consumidor.

Construção civil desacelera com menor pressão da mão de obra

Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que responde por 10% do IGP, também registrou desaceleração: alta de 0,57% em julho, ante 0,87% no mês anterior. A principal contribuição veio do grupo Mão de Obra, que apresentou menor ritmo de crescimento.

Acumulados e comparativos

Com o resultado de julho, o IGP-10 acumula queda de 1,42% no ano. Em 12 meses, no entanto, ainda há alta de 3,42%. Para efeito de comparação, em julho de 2024, o índice havia subido 0,45% no mês e apresentava alta acumulada de 3,38% em 12 meses.

O cenário atual, segundo os analistas da FGV, indica que os preços no varejo devem continuar a refletir, com algum atraso, as quedas registradas na produção e nos custos da construção, o que pode representar alívio para o bolso do consumidor nos próximos meses, especialmente em itens essenciais como alimentos e combustíveis.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/queda-generalizada-nos-precos-acelera-recuo-do-igp-10-em-julho-puxado-por-cafe-e-gasolina/