Em meio à crise diplomática deflagrada pela decisão de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro “não pode e não deve” comprometer as negociações com os Estados Unidos. A declaração foi feita nesta sexta-feira (18), após reunião com empresários diretamente impactados pela nova política tarifária.
A informação é do jornal O Globo, que destacou a fala de Alckmin como uma tentativa de isolar o escândalo político do ex-presidente das tratativas econômicas. “A separação dos Poderes é a base do Estado de Direito, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, frisou Alckmin, ao defender que o caso judicial de Bolsonaro não deve influenciar decisões comerciais internacionais.
O posicionamento ocorre num momento sensível: Bolsonaro foi alvo de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e passou a ser monitorado com tornozeleira eletrônica, proibido de usar redes sociais e obrigado a cumprir recolhimento noturno. Segundo a Polícia Federal, há indícios de que ele cogitava deixar o país e tentava articular apoio junto a autoridades americanas para frear as investigações sobre a tentativa de golpe em 2022.
Apesar de Trump ter mencionado o processo contra Bolsonaro ao anunciar as tarifas, Alckmin afirmou que “não há relação entre uma questão jurídica e política e medidas tarifárias, que são regulatórias”. O vice-presidente citou até o filósofo francês Montesquieu para defender a autonomia entre os poderes.
Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, tem liderado as articulações do governo para conter os efeitos da medida americana. Segundo ele, o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas só depois que o tarifaço for efetivamente implementado.
O governo Lula tenta mostrar unidade e foco nas negociações comerciais, evitando que as acusações contra Bolsonaro contaminem as relações institucionais com Washington. A estratégia é clara: preservar a economia brasileira e impedir que o embate político se transforme em um entrave diplomático.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/tarifaco-de-trump-alckmin-diz-que-operacao-contra-bolsonaro-nao-pode-atrapalhar-negociacoes/
