A Confederação Nacional da Indústria (CNI) pediu nesta sexta-feira (29) cautela diante da escalada da disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos. O apelo veio um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizar consultas para aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica contra o tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros.
Segundo a CNI, ainda é cedo para adotar medidas retaliatórias. Em nota, a entidade afirmou que o setor industrial “continuará buscando os caminhos do diálogo e da prudência” e avaliou que não é o momento de aplicar a lei aprovada em abril. Para reforçar essa posição, uma comitiva com mais de 100 líderes empresariais embarca na próxima semana para Washington, em agenda que inclui reuniões com autoridades, empresários locais e uma audiência pública sobre a investigação aberta pelo governo americano no âmbito da Seção 301 da Lei de Comércio.
Apesar da abertura formal do processo na Câmara de Comércio Exterior (Camex), Lula sinalizou não ter pressa em aplicar sanções. Em entrevista, o presidente afirmou que prefere manter a via da negociação, embora ressalte que o Brasil precisa “andar o processo” para pressionar Washington a dialogar. O Planalto ainda acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e contratou um escritório de advocacia nos Estados Unidos para reforçar a defesa dos interesses nacionais.
De acordo com a CNI, a relação econômica entre os dois países é historicamente complementar e deve ser preservada. O presidente da entidade, Ricardo Alban, destacou que o objetivo é abrir espaço para reverter a tarifa de 50% ou ampliar as exceções que beneficiem exportadores brasileiros.
O governo brasileiro estima que as consultas abertas pelo Itamaraty possam se estender por até sete meses. Nesse período, os EUA terão direito de apresentar sua defesa, mas a sinalização de Lula é clara: se houver disposição americana para negociar, o Brasil está pronto para conversar “24 horas por dia”.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/tarifaco-de-trump-cni-pressiona-governo-lula-por-dialogo-antes-da-retaliacao/
