
A tradicional rua 25 de Março, polo do comércio popular no centro de São Paulo, já sente os efeitos da recente escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, agravada pelas tarifas de importação impostas pelo governo Donald Trump. A alta do dólar, aliada ao clima de incerteza global, tem provocado aumentos expressivos no preço de mercadorias — sobretudo as importadas da Ásia, que abastecem a maioria das lojas da região.
“Desde o começo de abril os preços estão absurdos, e somos nós, os pequenos, os mais prejudicados”, afirma Cristiane Aparecida dos Santos, dona de uma loja de eletrônicos e utensílios. Segundo ela, itens que custavam R$ 50 há poucas semanas agora ultrapassam os R$ 70. A comerciante relata queda no fluxo de clientes, enquanto repassa parte dos aumentos ao consumidor final.
A valorização do dólar tem sido apontada como principal vilã. Jin Li, dono da PLB, uma das maiores importadoras da 25 de Março, explica: “Os clientes, na maioria das vezes, não entendem muito isso. Eles reclamam e, às vezes, deixam de comprar. Mas quem compra no atacado entende e espera o dólar abaixar”.
Após queda nos primeiros meses do ano, o dólar voltou a subir e fechou a última sexta-feira (11) cotado a R$ 5,871. Em meio à volatilidade, empresários temem um impacto prolongado sobre o poder de compra da população e os custos de importação.
Apesar do cenário incerto, alguns lojistas relatam sinais de maior flexibilidade por parte dos fornecedores chineses. Rubens Nunes de Barros, do Atacado 25, afirma que passou a receber melhores condições de pagamento. “Estão me dando mais crédito, mais condições, e até descontos. Acho que a tendência é melhorar ainda mais”, diz.
A expectativa é de que o Brasil se torne um destino prioritário para produtos que perdem espaço no mercado americano. “Se sobrarem produtos nos estoques dos fornecedores lá e aqui, a tendência é abaixarem os preços para não encalharem com as mercadorias”, afirma Victor Zhu Shiqi, diretor da Univinco, associação de lojistas da região.
Enquanto especialistas analisam os desdobramentos da disputa comercial, comerciantes da 25 de Março tentam se adaptar a um cenário que combina alta cambial, inflação importada e oportunidades de renegociação com a China. O consenso é que o momento exige cautela — e muita criatividade para continuar vendendo.
Com informações do UOL.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/tarifaco-de-trump-e-alta-do-dolar-elevam-precos-na-25-de-marco-e-preocupam-comercio-popular/