4 de janeiro de 2025
Terrorismo fiscal, inflação de alimentos e falta de "sonho" ameaçam
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61% dos brasileiros acreditam que a economia está no caminho errado, de acordo com pesquisa do Datafolha. Apenas 32% consideram o caminho certo, e 6% não souberam responder. A insatisfação prevalece em 70 dos 80 recortes analisados, com destaque entre jovens e pessoas com ensino superior.

A informação, divulgada hoje, mostra que o governo Lula III precisa resolver três importantes gargalos, que já estão corroendo a avaliação do governo e ameaçam o legado do presidente.

O primeiro é a falta de combate efetiva ao terrorismo fiscal da mídia. Mas esse é um problema menor, e o governo não pode fazer muita coisa além do dever de casa, o que já está fazendo.

O segundo problema, por outro lado, é o mais urgente todos, e o governo Lula deve ficar atento não apenas para resolvê-lo rapidamente, como para explicá-lo muito bem para a população: a inflação dos alimentos. É preciso explicar a inflação de cada alimento mais importante.

O terceiro problema, todavia, é o principal. Lula está ficando sem uma marca, e sobretudo sem uma marca para um momento muito interessante de sua trajetória. O governo precisa conquistar a classe média, caso queira ter chances de se reeleger e de ampliar a bancada do campo democrático. Para isso, será necessário construir um projeto de desenvolvimento capaz de mobilizar espiritualmente a sociedade. Ou seja, promover um sonho de país. Isso está faltando, e sem isso será difícil conter o crescente mau humor dos brasileiros com as estruturas ainda deficientes que ele enfrenta no dia a dia, sobretudo na esfera da mobilidade urbana.

Lula precisa vender a ideia de construir transporte sobre trilhos!

Entre os jovens de 16 a 24 anos, 71% veem a economia no caminho errado, enquanto entre pessoas com 60 anos ou mais, o índice é de 55%. No grupo com ensino superior, 68% discordam da trajetória atual, percentual que cai para 66% entre os que possuem ensino médio e para 50% entre os que têm apenas ensino fundamental.

Por faixa de renda, 67% dos que ganham mais de cinco salários mínimos estão insatisfeitos. O grupo com renda entre dois e cinco salários mínimos tem a maior taxa de insatisfação, com 69%. Já entre aqueles com renda de até dois salários mínimos, 55% compartilham dessa visão.

O levantamento ocorreu em 12 e 13 de dezembro de 2024, pouco após o anúncio de um pacote de ajuste fiscal, considerado insuficiente por economistas, e a elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central para 12,25% ao ano. Foram realizadas 2.002 entrevistas em 113 municípios, com margem de erro de 2 pontos percentuais, dentro de um intervalo de confiança de 95%.

Os empresários lideram o descontentamento, com 76% considerando o caminho errado, seguidos por empregados com carteira assinada (69%) e desempregados que procuram emprego (52%). Entre beneficiários do Bolsa Família, 53% discordam do rumo atual, enquanto entre os não beneficiários, o índice sobe para 64%.

Quando analisadas preferências político-eleitorais, 88% dos simpatizantes do PL discordam do caminho econômico, assim como 84% dos eleitores de Jair Bolsonaro em 2022. Entre evangélicos, o índice é de 71%.

Mesmo com baixos índices de desemprego, o pessimismo com a inflação e o poder de compra cresceu. A parcela que acredita em piora da inflação subiu de 51% para 67% em um ano. Aqueles que acham que o poder de compra dos salários diminuirá aumentaram de 30% para 39%.

Sobre o futuro do país, apenas 33% acreditam em melhora nos próximos meses, a menor taxa desde junho de 2022. Para 37%, a situação permanecerá como está, enquanto 28% esperam piora. Nos últimos meses, 45% percebem piora na economia, contra 35% um ano atrás. Já a fatia que acredita em melhora caiu de 33% para 22%.

O pessimismo com o desemprego também aumentou em relação ao ano anterior. Em dezembro de 2023, 39% acreditavam que o desemprego aumentaria; em 2024, esse número subiu para 46% no primeiro trimestre, mas atualmente está em 41%.

Fonte: https://www.ocafezinho.com/2025/01/01/terrorismo-fiscal-inflacao-de-alimentos-e-falta-de-sonho-ameacam-legado-de-lula-iii/