19 de novembro de 2025
Trabalho em casa recua, mas segue acima do nível pré-pandemia,
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O trabalho em casa voltou a apresentar leve queda em 2024, mas ainda permanece acima do padrão registrado antes da pandemia. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (19) pelo IBGE, 7,9% da população ocupada no setor privado — formal ou informal — tinha como principal local de atuação o próprio domicílio. O número representa um recuo em relação a 2023, quando o percentual era de 8,2%, mas segue distante do período pré-Covid, quando apenas 5,8% trabalhavam de casa (2019).

No início da série histórica, em 2012, a proporção de trabalhadores em casa era de 3,6%. Mesmo após a redução observada em 2024, o home office segue mais do que o dobro daquele patamar.

Os dados fazem parte da Pnad Contínua e consideram apenas o setor privado, excluindo empregados domésticos e servidores públicos. A medição se baseia no principal local de trabalho — ou seja, profissionais em regime híbrido são classificados conforme o local onde passam mais dias da semana.

Impacto da pandemia e mudança de hábitos

O home office ganhou força durante a pandemia, quando restrições sanitárias obrigaram a adaptação de empresas e empregados a novas formas de trabalho. O auge veio em 2022, com 6,7 milhões de pessoas atuando em casa, equivalentes a 8,4% da força de trabalho do setor privado à época.

O IBGE lembra que não houve coleta de dados em 2020 e 2021 devido às dificuldades impostas pela Covid-19. No retorno das pesquisas, analistas buscavam entender até que ponto a modalidade se manteria ou regrediria. Os números de 2024 mostram estabilização em um patamar mais alto que antes da crise sanitária, mas com perda gradual de espaço.

Em valores absolutos, o total de trabalhadores em casa passou de 6,613 milhões em 2023 para 6,585 milhões em 2024 — uma diferença de 28 mil pessoas.

Maioria dos trabalhadores segue nas empresas

O principal local de trabalho dos brasileiros continua sendo o estabelecimento do próprio empreendimento, como lojas, fábricas ou agências bancárias. Em 2024, 59,4% dos ocupados estavam nessas estruturas. O indicador é ligeiramente maior que o de 2023 (59,1%) e 2022 (57,9%), mas inferior a 2012, quando 62,7% trabalhavam nas sedes das empresas.

O pico da série foi registrado em 2014, alcançando 64,6%.

A segunda principal categoria é formada por profissionais que atuam em locais designados por empregadores ou fregueses — como entregadores, técnicos de manutenção e prestadores de serviços. Eles representavam 14,2% dos ocupados em 2024, ante 13,8% no ano anterior.

Trabalho no campo e em veículos

Em terceiro lugar, aparecem os trabalhadores em fazendas, sítios, granjas e chácaras, que somavam 8,6% da força de trabalho em 2024, abaixo dos 9,1% de 2023 e distantes dos 13,1% registrados em 2012.

Logo depois vêm os trabalhadores em casa (7,9%) e os que atuam em veículos automotores (4,9%). Este último grupo engloba motoristas de aplicativo e teve expansão desde 2012, quando respondia por 3,7% da população ocupada.

Diferenças entre regiões

Os dados revelam contrastes significativos entre as regiões do país. Em 2024, Norte (5,9%) e Sudeste (5,2%) registraram as maiores proporções de pessoas ocupadas em veículos automotores, acima da média nacional (4,9%). Nordeste (4,9%), Sul (4,3%) e Centro-Oeste (4,1%) vieram logo atrás.

No trabalho em casa, Nordeste (8,4%), Sudeste (8,3%) e Norte (8,2%) superaram a média brasileira (7,9%). Centro-Oeste (7,2%) e Sul (6,6%) apresentaram os menores percentuais.

Sul e Sudeste se destacaram também no trabalho dentro das empresas: 65% e 64% dos ocupados, respectivamente, estavam nos estabelecimentos dos empreendimentos — ambos acima da média nacional. Em seguida, vieram Centro-Oeste (59%), Nordeste (49,5%) e Norte (47,9%).

Já as atividades rurais foram mais expressivas no Norte (15%), Nordeste (13,6%) e Sul (9,1%), todas acima da média brasileira de 8,6%. Centro-Oeste (8,1%) e Sudeste (5,1%) ficaram abaixo.

Panorama indica consolidação de múltiplos modelos

Os dados da Pnad Contínua mostram que, mesmo com a redução do home office após a pandemia, o modelo permanece consolidado como parcela significativa da atividade econômica, especialmente em grandes centros urbanos. A tendência é de coexistência entre formatos: empresas, campo, domicílio e serviços sobre rodas tornam o mercado de trabalho mais diversificado e menos concentrado.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/trabalho-em-casa-recua-mas-segue-acima-do-nivel-pre-pandemia-mostra-ibge/