
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os países terão que pagar “muito dinheiro” para que as tarifas sejam suspensas, descrevendo esses encargos como um “remédio”.
Em conversa com jornalistas a bordo do Air Force One no domingo (6), Trump sugeriu que não estava preocupado com as perdas significativas que já resultaram na perda de trilhões de dólares em valor de mercado nas bolsas de valores globais.
“Eu não quero que nada caia. Mas, às vezes, é preciso tomar um remédio para consertar algo”, disse ele ao retornar de um fim de semana de golfe na Flórida.
Trump disse que conversou com líderes da Europa e da Ásia durante o fim de semana, que esperam convencê-lo a reduzir as tarifas, que podem chegar a até 50% e devem entrar em vigor nesta semana.
“Eles estão vindo para a mesa. Querem conversar, mas não há conversa a menos que nos paguem muito dinheiro anualmente”, afirmou Trump
O anúncio das tarifas de Trump na semana passada causou um impacto significativo nas economias globais, provocando retaliações da China e gerando temores de uma guerra comercial global e uma possível recessão.
As ações asiáticas sofreram perdas acentuadas nas negociações iniciais, e os futuros das bolsas estadunidenses abriram em forte queda, à medida que os investidores expressaram preocupação de que as tarifas de Trump possam resultar em preços mais altos, demanda enfraquecida, menor confiança e, potencialmente, uma recessão global.
Investidores e líderes políticos ainda enfrentam dificuldades para entender se as tarifas de Trump são uma medida permanente ou apenas uma tática de negociação para obter concessões de outros países.
Em programas de entrevistas na manhã de domingo, os principais assessores econômicos de Trump tentaram justificar as tarifas como uma reconfiguração estratégica da posição dos EUA na ordem comercial mundial.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, informou que mais de 50 países iniciaram negociações com os EUA desde o anúncio da última quarta-feira. Já o secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou no programa Face the Nation, da CBS News, que as tarifas permanecerão em vigor “por dias e semanas”.
O Japão, um dos aliados mais próximos dos EUA na Ásia, espera conseguir um acordo, mas seu líder, Shigeru Ishiba, disse na segunda-feira que os resultados “não virão da noite para o dia”.
No entanto, os investidores não estão esperando. Enquanto Ishiba falava no parlamento, o índice Nikkei de Tóquio (.N225) caía para o menor nível em um ano e meio, impulsionado pelas ações dos bancos do país, que já haviam perdido quase um quarto de seu valor de mercado nos últimos três dias de negociações.
A ampla venda nos mercados vista nesta segunda-feira reflete a crescente expectativa de que o risco de recessão possa levar o Federal Reserve a cortar as taxas de juros já em maio.
O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, tentou amenizar os temores de que as tarifas façam parte de uma estratégia para pressionar o Fed a reduzir as taxas de juros, afirmando que não haverá “coerção política” sobre o banco central.
Economistas do JPMorgan agora preveem que as tarifas resultarão em uma redução de 0,3% no PIB anual dos EUA, em comparação com uma previsão anterior de crescimento de 1,3%, e que a taxa de desemprego aumentará de 4,2% para 5,3%.
O bilionário gestor de fundos Bill Ackman, que apoiou Trump na eleição presidencial, afirmou que o presidente está perdendo a confiança dos líderes empresariais e alertou para um possível “inverno nuclear econômico” a menos que ele decida dar uma pausa nas tarifas.
Negociações sobre tarifas
Agentes alfandegários dos Estados Unidos começaram a aplicar, no sábado, a tarifa unilateral de 10% de Trump sobre todas as importações de diversos países. Tarifas “recíprocas” mais altas, variando de 11% a 50%, para países específicos, devem entrar em vigor na quarta-feira, às 12h01 (horário de Nova York) / 4h01 GMT.
Alguns governos já indicaram que estão dispostos a negociar com os EUA para evitar os encargos.
O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, propôs no domingo tarifas zero como base para negociações com os EUA, comprometendo-se a remover barreiras comerciais e afirmando que as empresas taiwanesas aumentarão seus investimentos nos Estados Unidos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que buscará uma isenção de uma tarifa de 17% sobre os produtos do país durante uma reunião planejada com Trump nesta segunda-feira.
Um funcionário do governo indiano disse à Reuters que o país não pretende retaliar contra uma tarifa de 26% e que as conversas com os EUA sobre um possível acordo já estão em andamento.
Na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni — aliada de Trump — se comprometeu, no domingo, a proteger as empresas que sofrerem com os danos causados por uma tarifa planejada de 20% sobre produtos da União Europeia.
Produtores de vinho italianos e importadores estadunidenses presentes em uma feira de vinhos em Verona no domingo disseram que os negócios já desaceleraram e temem danos mais duradouros.
O líder vietnamita To Lam concordou, em uma ligação telefônica com Trump na sexta-feira, em discutir um acordo para remover as tarifas, após o centro industrial do Sudeste Asiático ter sido atingido com algumas das taxas mais altas do mundo.
Trump descreveu a conversa como “muito produtiva”.
Com informações do g1.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/trump-diz-que-tarifas-sao-remedio-e-que-para-suspende-las-os-paises-terao-que-pagar-muito-dinheiro/