
Está tudo pronto para o primeiro encontro entre o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que deve ocorrer nesta quinta-feira (16). A reunião marca o início formal das novas negociações entre os dois países, num momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, volta a endurecer o discurso econômico e pressiona aliados sobre o papel do dólar nas relações internacionais.
Às vésperas do encontro, Trump deu um recado direto ao governo brasileiro, informa Valdo Cruz em seu blog no g1. Durante reunião com o presidente da Argentina, Javier Milei, o líder dos EUA exaltou o enfraquecimento da agenda do Brics e voltou a criticar a ideia de substituição do dólar por uma nova moeda do bloco. “Estão todos saindo do Brics. Era um ataque ao dólar. Eu disse: ‘querem jogar esse jogo? Vamos colocar tarifas sobre todos os produtos que entrarem nos Estados Unidos’. Eles disseram: ‘estamos fora do Brics’. E agora ninguém mais fala disso”, afirmou Trump.
Brasil adota tom mais cauteloso
Apesar de o Brasil não ter manifestado intenção de sair do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva vem, de forma silenciosa, deixando de lado o discurso sobre a criação de uma moeda alternativa para as transações comerciais entre os países do bloco.
Segundo fontes diplomáticas, a orientação interna é adotar um tom mais pragmático. Assessores de Lula têm aconselhado o presidente a concentrar esforços em temas de cooperação econômica e ambiental com os Estados Unidos, evitando atritos desnecessários em um momento de realinhamento da política externa brasileira.
O próprio Itamaraty reconhece que a ideia de uma moeda comum enfrenta desafios técnicos e políticos que inviabilizam sua adoção no curto prazo. Para que o plano avance, seria necessário criar parâmetros de equilíbrio entre as economias do bloco e estabelecer mecanismos de governança financeira — etapas que exigiriam anos de negociações.
Diálogo estratégico com Washington
A reunião entre Mauro Vieira e Marco Rubio, em Brasília, deve abrir uma nova fase no relacionamento entre Brasil e Estados Unidos. O encontro ocorre num contexto de aproximação gradual entre os dois países, após meses de tensão comercial e divergências sobre temas globais, como o papel da China e o avanço de novas alianças no Sul Global.
Diplomatas brasileiros avaliam que Trump busca reaproximar-se do Brasil por interesse estratégico, especialmente diante da influência crescente da China na América do Sul. A expectativa é de que a reunião sirva para alinhar pautas de interesse comum, como investimentos em energia, segurança alimentar e defesa.
Enquanto isso, o Palácio do Planalto tenta equilibrar as relações. O abandono do discurso sobre uma moeda alternativa ao dólar é visto por interlocutores de Lula como um gesto político importante para preservar o diálogo com Washington e, ao mesmo tempo, manter o protagonismo brasileiro dentro do Brics.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/trump-pressiona-e-brasil-deve-recuar-de-debate-sobre-moeda-alternativa-ao-dolar-antes-de-encontro-entre-rubio-e-mauro-vieira/