
As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre importações de mais de 60 países, anunciadas pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira, levaram o banco J.P. Morgan a elevar de 40% para 60% a probabilidade de uma recessão global já em 2025. Segundo o banco, as medidas podem desestabilizar as cadeias de suprimentos e prejudicar o crescimento econômico dos EUA e do mundo.
“As políticas disruptivas dos EUA foram consideradas o maior risco para as projeções globais em todo o ano”, afirma o relatório assinado pelos analistas Bruce Kasman, Jahangir Aziz, Joseph Lupton e Nora Szentivanyi. Intitulado “There will be blood” (“Vai ter sangue”, em português), o documento reforça temores sobre o impacto negativo da política comercial americana, que se tornou “decisivamente menos favorável aos negócios” do que o esperado.
O J.P. Morgan aponta que as tarifas podem gerar represálias comerciais, como a anunciada pela China, que nesta sexta-feira impôs uma tarifa de 34% sobre todas as importações americanas. O relatório também destaca que o sentimento negativo entre empresários e as rupturas na cadeia de suprimentos podem agravar a situação econômica.
Mesmo com possíveis cortes nas taxas de juros para mitigar os efeitos das tarifas, o banco avalia que o impacto será apenas “modestamente amenizado”. A ferramenta FedWatch, do CME Group, indica que o mercado já precifica quatro reduções nas taxas americanas.
Reações divergentes: China retalia, Vietnã negocia
A reação às tarifas varia entre os países afetados. Enquanto muitos adotam uma postura de espera antes de tomar decisões, a China optou por retaliar de imediato, aumentando drasticamente os impostos sobre produtos americanos. O movimento intensificou a tensão no mercado financeiro, causando queda nas bolsas globais e alta do dólar. No Brasil, o Ibovespa registrava queda de 3,08%, atingindo 127.107 pontos às 14h43, enquanto o dólar subia 3,52%, chegando a R$ 5,827.
Por outro lado, o Vietnã, um dos países mais afetados pelo “tarifaço” ao ser atingido por uma tarifa de 46%, já iniciou negociações com o governo Trump para aliviar as restrições. Em sua rede social Truth Social, Trump afirmou que o líder vietnamita To Lam demonstrou disposição para reduzir tarifas a zero caso consiga um acordo com os EUA. O Vietnã havia solicitado uma suspensão temporária das tarifas para viabilizar as negociações.
Preocupacão com efeitos de longo prazo
Apesar da elevação da projeção de recessão, o J.P. Morgan destaca que ainda é cedo para uma revisão generalizada de seus indicadores. O banco aguarda para avaliar a implementação das tarifas e os desdobramentos das negociações comerciais. No entanto, o relatório enfatiza que “as recessões são inerentemente imprevisíveis” e alerta para possíveis impactos de longo prazo na economia americana.
“Outra preocupação importante é que políticas comerciais permanentemente restritivas e a redução dos fluxos de imigração podem impor custos de oferta duradouros que reduzirão o crescimento dos EUA no longo prazo”, conclui o documento.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/vai-ter-sangue-jp-morgan-afirma-que-risco-de-recessao-mundial-este-ano-subiu-para-60-por-causa-de-tarifaco-de-trump/