28 de julho de 2025
Viagem de Mauro Vieira aos EUA tenta salvar exportações brasileiras
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, iniciou neste domingo (27) uma missão diplomática urgente nos Estados Unidos na tentativa de conter a ameaça de um tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump. A visita acontece a poucos dias do prazo final, em 1º de agosto, para a entrada em vigor de uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao mercado norte-americano.

Embora o objetivo oficial da viagem seja participar de uma reunião na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, sobre a situação na Palestina, fontes do Itamaraty confirmam que há articulações para que o chanceler também vá a Washington. A iniciativa visa abrir um canal direto de negociação com autoridades do governo Trump, que até o momento não responderam formalmente à sinalização brasileira de diálogo.

Segundo interlocutores da diplomacia brasileira, emissários da embaixada em Washington já informaram à Casa Branca que Vieira está disposto a viajar à capital caso haja disposição do governo norte-americano para conversas em nível ministerial. “Se os Estados Unidos indicarem que estão prontos a conversar sobre tarifas, o ministro também estará”, afirmou uma fonte ao jornal.

União Europeia firmou acordo com EUA

Enquanto a União Europeia conseguiu, neste fim de semana, firmar um acordo que reduz para 15% as tarifas sobre seus produtos — evitando uma sobretaxa de 30% —, o Brasil segue sob o risco de penalizações severas, sem ainda ter acesso direto à mesa de negociação. A ameaça tarifária foi acompanhada de críticas políticas por parte de Trump, que na carta oficial de anúncio citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, classificando-o como “uma vergonha internacional”.

Nos bastidores, o governo Lula atribui a resistência dos EUA a fatores extracomerciais. Assessores do presidente apontam que a administração Trump quer discutir processos judiciais em curso no Brasil, o que é rechaçado pelo Palácio do Planalto. A orientação de Brasília tem sido manter o foco exclusivamente nas tratativas comerciais, sem interferências políticas.

EUA não respondem aos contatos do Brasil

A tentativa brasileira de evitar a taxação começou ainda em maio, quando foi enviada uma carta às autoridades americanas com propostas para ampliar o comércio bilateral. O governo sugeriu, por exemplo, que os EUA indicassem produtos com potencial de venda ao Brasil e quais setores poderiam se beneficiar de maior acesso ao mercado brasileiro. Até agora, a correspondência segue sem resposta.

Em nota divulgada na noite deste domingo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços reforçou o compromisso com o diálogo e com a separação entre política e economia: “Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano”.

A nota também destacou que Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação econômica sólida há mais de dois séculos. “O governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria histórica, assegurando que ela continue a refletir a profundidade e a importância de nossos laços”, conclui o texto.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/viagem-de-mauro-vieira-aos-eua-tenta-salvar-exportacoes-brasileiras-do-tarifaco-de-trump/