22 de novembro de 2024
A consolidação dos Capitão Fausto na Casa da Música no
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Fotografia de Aitor Amorim


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A banda deu dois concertos em dois dias seguidos, dia 16 e 17 de Abril, na Sala Suggia do equipamento cultural portuense. Consigo trouxe o novo álbum “Subida Infinita”, um toque de Brasil e um amadurecimento notório que mostrou bem o tempo que dedicou à sua evolução. Já a meio do concerto, o público dispensou as cadeiras e só quis apreciar o som e a boa energia que a banda estava disposta a entregar a quem os ouvia. A Comunidade Cultura e Arte esteve lá, no dia 17, e conta agora como foi.

A receita era simples: dois espectáculos, em dois dias seguidos, para apresentar à Casa da Música o recente álbum “Subida Infinita”. Álbum esse que, apesar de espelhar a transição da banda de cinco para quatro elementos, ainda contou com a participação de Ferrari, Francisco Ferreira. Mas o que não deixou ser notório foi como a “Invenção do Dia Claro”, o álbum anterior, de 2019, estabeleceu também um marco tanto na evolução e maturidade, como na identidade dos Capitão Fausto. Já a “Subida Infinita” que apresentaram ao público do Porto tratou-se de uma consolidação disso mesmo, ao mesmo tempo que espelhou todas as mudanças e transformações que a banda viveu até agora: é precisamente isso que a adultez e a experiência preconizam.

Fotografia de Aitor Amorim

O instrumental “Subida Infinita” fez as honras da casa e cortou a fita de início do concerto. Aliás, o recente disco fez a estrutura do alinhamento, mas “A Invenção do Dia Claro” e “Capitão Fausto têm os dias contados” também tiveram forte presença para gáudio dos fãs. O álbum “Gazela”, o primeiro LP do grupo lançado em 2011, não foi esquecido, mas assinalado, apenas, com “Santa Ana”. De salientar, no entanto, que se sentiu o carinho por parte de quem ouvia, tanto pelos temas mais antigos até aos actuais: era notória a satisfação com que se recebia, por exemplo, “Santa Ana”, mas também “Corazón”.

Até meio do concerto, a Sala Suggia acolheu um público mais compenetrado e sentado, atendendo ao espírito de uma sala com cadeiras, mas ao primeiro sinal de “Amanhã tou melhor” o público levantou-se e não mais se quis sentar. O corpo cedeu ao ritmo da música e assim foi até ao fim, tanto pelo som, como pela brincadeira que Domingos lançou no início, para ver qual dos públicos seria melhor, se o do primeiro dia, 16, ou se o do segundo dia, 17.

Fotografia de Aitor Amorim

Há uma evolução instrumental e melódica latente em Capitão Fausto com um sabor a Brasil que também esteve bem audível. As rodas de choro, a utilização da flauta, Tomás Wallenstein mais ao piano, o cuidado e enriquecimento dos arranjos desde “A Invenção do Dia Claro”, assim como as parcerias com Terno e Tim Bernardes, com quem, aliás, também têm uma parceria em “Subida Infinita” — “Cantiga Infinita, com Tim Bernardes” — deram fôlego à banda, mas sempre num entrosamento bem feito que não faz esquecer o psicadelismo e o rock progressivo que também são. Nessa confluência de identidades musicais que mostra bem como a música se pode abrir num enriquecimento contínuo, chamamos a atenção para a feliz particularidade de iniciarem o encore com uma referência a “Manhã de Carnaval”, com flauta, tema brasileiro de Luiz Bonfá e Antônio Maria que consta no filme “Orpheu Negro”, de 1959, de Marcel Camus: um filme e tema cânones que ajudaram a preconizar a bossa-nova.

Fotografia de Aitor Amorim

Há um acompanhar de juventude e de crescimento que faz os Capitão Fausto, não serem voz de uma geração, neste caso a millennial, mas antes espelharem um espírito que também é geracional. O que escrevem pode ser particular, mas a arte tem este pendor de fazer com que essas particularidades também se abram e se espelhem. Não deixam é de ser penas com várias camadas ou nuances, ou não pudesse um ritmo mais alegre ou frenético conter um núcleo mais contemplativo, soturno ou introspectivo.

Alinhamento do concerto:

Subida Infinita – Subida Infinita
Muitas mais virão – Subida Infinita
Andar à solta – Subida Infinita
Há sempre um fardo – Subida Infinita
Faço as vontades – A Invenção do Dia Claro
Sempre Bem – A Invenção do Dia Claro
Corazón- Capitão Fausto têm os Dias Contados
Fantasia – Subida Infinita
Nada de mal- Subida Infinita
Amor, a nossa vida – A Invenção do Dia Claro
Nuvem Negra – Subida Infinita
Cantiga infinita – Subida Infinita
Certeza – A Invenção do Dia Claro
Na na nada – Subida Infinita
Morro na praia – Capitão Fausto têm os Dias Contados
Amanhã tou melhor- Capitão Fausto Têm os Dias Contados
Santa Ana – Gazela
Boa memória – A Invenção do Dia Claro.

Encores
Manhã de carnaval
Lentamente – A Invenção do Dia Claro
Nunca nada muda – Subida Infinita

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Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/a-consolidacao-dos-capitao-fausto-na-casa-da-musica-no-porto/