
As últimas memórias de Ozzy Osbourne foram fixadas numa biografia que expõe os seus anos mais sombrios, num relato inédito sobre a luta do músico contra a dor, o isolamento e a paralisia, que chega às livrarias em novembro.
Intitulada “Última Confissão”, a biografia de Ozzy Osbourne foi lançada originalmente em outubro, após a morte do artista britânico, e descrita como “um testemunho cru e inédito”, marcado “pelo humor que sempre o distinguiu”, descreve a editora Marcador.
Na obra, que chega às livrarias portuguesas no dia 05 de novembro, o antigo vocalista dos Black Sabbath revisita momentos decisivos da sua carreira e vida pessoal, incluindo o casamento com Sharon Osbourne e o reencontro final com a banda no concerto “Back to the Beginning”, transmitido mundialmente.
Em “Última Confissão”, Ozzy Osbourne relata o colapso da sua digressão de despedida em 2019, aos 69 anos, interrompida por uma infeção no dedo que o levou à hospitalização e a uma paralisia quase total do pescoço para baixo.
O músico reflete ainda sobre o processo de recuperação e a determinação em regressar ao palco, transformando a sua experiência de fragilidade numa mensagem de resistência.
Ao longo do livro, o artista, conhecido como o “Príncipe das Trevas” e “Padrinho do Metal”, reflete sobre a fama, o envelhecimento e o legado construído ao longo de mais de cinco décadas de carreira.
A obra procura ainda mostrar como Ozzy Osbourne ultrapassou o universo do heavy metal para se afirmar como ícone cultural global e figura incontornável da música popular.
Entre as passagens mais marcantes, Ozzy admite falhas de memória — “tenho buracos na memória tão grandes que a maior parte dos anos 1980 e quase todos os 1990 me escaparam” —, fala da dinâmica dentro dos Black Sabbath e descreve a emoção de se despedir do público no seu último concerto.
“De repente, estava a olhar para 42 mil caras à minha frente, e mais 5,8 milhões a assistir ‘online’ – mas nem pensei nisso quando estava ali. Foi quando a emoção me bateu. Nunca me tinha caído a ficha de que tanta gente gostava de mim – ou sequer sabia quem eu era. Foi avassalador, mesmo”.
Numa entrevista recente, o filho do músico, Jack Osbourne, revela que o pai andava a trabalhar na biografia há muito tempo, porque sentia que precisava de fazer uma continuação de “Eu sou o Ozzy”, já que muitas coisas aconteceram nos 20 anos desde que esse livro fora lançado.
O último capítulo da biografia é aquele em que Jack Osbourne “mais tem pensado”, por condensar as reflexões finais do pai sobre uma vida marcada pela música, pelos excessos e pela superação: “Abrandar deu-lhe espaço para refletir sobre a sua jornada – os sucessos, os fracassos, as alegrias, as tristezas e, no fim, aquilo que mais lhe importava”.
Segundo Jack Osbourne, o cantor manteve sigilo sobre o processo de escrita, “era muito reservado e não partilhava o que estava a incluir”.
“Ele achava que ninguém se ia importar com o que estava a escrever”, revelou, descrevendo o pai como “o egomaníaco mais humilde que alguém poderia conhecer”.
Jack Osbourne recordou a última atuação de Ozzy Osbourne, em Birmingham, a 05 de julho, revelando que o “pai lutou muito para subir ao palco”, mas essa foi a forma que encontrou de “retribuir, uma última vez”, aos fãs, que lhe deram a vida que teve.
Na abertura do livro, o músico recorda o acidente que teve em 2003 com uma moto-quatro, que lhe aterrou em cima, partiu-lhe o pescoço, fraturou-lhe oito costelas, perfurou-lhe um pulmão e cortou-lhe as artérias do braço esquerdo.
“Estive em coma durante oito dias. Foi o bom Serviço Nacional de Saúde que me voltou a pôr de pé – transformando o tipo que cantava a ‘Iron Man’ num verdadeiro homem de ferro, com ombro e coluna presos com placas, hastes e parafusos de metal”.
E acrescenta: “Durante os dezasseis anos seguintes, de todas as vezes que fiz disparar o detetor de metais no aeroporto, não consegui evitar sorrir… a pensar em como tinha enganado a morte mais uma vez. Mas a morte não se engana nem por sombras. Está sempre a fazer contas. E, mais cedo ou mais tarde, vem cobrar a dívida final. Este livro conta a história de como a morte tentou cobrar a minha”.
Ozzy Osbourne morreu a 22 de julho de 2025. A edição original desta biografia foi concluída em meados desse mês e lançada postumamente.
Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/biografia-inedita-com-as-ultimas-memorias-de-ozzy-osbourne-chega-as-livrarias-em-novembro/