Festa do Avante com foco na paz e solidariedade com a Palestina

A Festa do Avante, que se realiza entre 05 e 07 de setembro no Seixal, vai ter como foco a paz e a solidariedade com a Palestina, com peças de teatro, concertos e debates ligados à temática, além da defesa da Constituição.

O programa da Festa do Avante, que se realiza entre 05 e 07 de setembro na Quinta da Atalaia, no Seixal, foi hoje apresentado em conferência de imprensa em Lisboa pelos dirigentes do PCP Alexandre Araújo e Madalena Santos e, além de concertos de artistas como A Garota Não, Vitorino ou Capicua e Gisela João, o tradicional certame comunista terá também uma forte vertente relacionada com a Palestina.

Alexandre Araújo, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, frisou que, a nível internacional, a situação na Palestina vai ser “a questão de maior destaque” na festa e estará presente seja na decoração da Quinta da Atalaia, em momentos de solidariedade e em várias iniciativas do certame.

Desde logo, no sábado à noite, a tradicional ‘rave’ da Festa do Avante será “dedicada à Palestina”, conforme referiu Madalena Santos, da direção da festa, sendo que, nesse mesmo dia, será igualmente apresentada a peça “O meu nome é Rachel Corrie”, baseada nos diários de uma ativista americana que foi morta por um soldado israelita em 2003 na Faixa de Gaza.

Além destas iniciativas já agendadas, Madalena Santos salientou que, “independentemente das formas institucionalizadas de solidariedade que já estão apresentadas”, muitos artistas deverão também, “de uma forma ou de outra, mais expressiva ou mais subliminar, colocar a questão da solidariedade com a Palestina”.

Um desses momentos irá ocorrer logo na primeira noite da festa, com um concerto de música clássica da Orquestra Sinfonietta de Lisboa que irá tocar, em estreia mundial, a peça “A Story to Tell”, de um compositor palestiniano, Mahmoud Abuwarda, que não poderá ir até à Quinta da Atalaia porque não conseguiu obter um visto, segundo disse Madalena Santos.

Este concerto de música clássica estará subordinado ao tema “A luta pela paz nos 80 anos da vitória sobre o nazi-fascismo”, com músicas dos campos de concentração ou da guerra e “resistência heroica ao nazismo”.

O tema da paz vai ser outro dos temas centrais da festa, com filmes, apresentações de livros e debates dedicados a esta temática, assim como a defesa da Constituição da República, que terá uma exposição dedicada no espaço central da festa.

De forma mais subliminar, o combate à extrema-direita também estará presente no certame comunista, com a companhia de teatro A Barraca a encenar uma peça Avanteatro, cerca de três meses depois de um dos seus atores, Adérito Lopes, ter sido agredido por neonazis em Lisboa.

Presente nesta conferência de imprensa, Vasco Lello, da companhia de teatro, indicou que A Barraca vai apresentar a peça “O Príncipe de Spandau”, um texto escrito por Hélder Costa no final dos anos 1980 sobre Rudolf Hess, destacado político da Alemanha nazi.

“É impressionante como é que, passado tantos anos, o texto é atual e acho que é um tema que se tem de abordar com a subida da extrema-direita”, disse.

Fora estas temáticas mais relacionadas com a atualidade, a festa voltará a ter vários concertos de artistas nacionais, designadamente Vitorino Salomé, que, na conferência de imprensa de apresentação do programa, disse ter convidado o Grupo de Cantadores do Redondo, fundado por José Afonso, para o acompanhar no espetáculo.

De ‘jazz’ a fado, passando por pop ou rock, Paulo de Carvalho, A Garota Não, Gisela João e Capicua passarão igualmente pelos palcos da Quinta da Atalaia, onde se ouvirão igualmente artistas internacionais e lusófonos, com destaque para um concerto no sábado à noite de Salma Uamuse, Karyna Gomes e Bárbara Wahnon, de Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde, dedicado às independências.

O PCP realiza a Festa do Avante deste 1976 e, este ano, celebra a sua 49.ª edição.