7 de dezembro de 2025
Jazz nos Bairros antecipa 23.ª Festa do Jazz em Lisboa
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por Lusa,    7 Dezembro, 2025


Fotografia de Frederick Shaw / Unsplash

A 23.ª Festa do Jazz abre no dia 19 de dezembro no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, antecedida por um conjunto de iniciativas, nomeadamente a atuação de quatro grupos italianos, na sexta-feira, e a iniciativa “Jazz nos Bairros”.

Sexta-feira, no espaço A Barraca, no Cinearte, atuam o trio Mopoke, UM/Welt, um projeto de investigação musical em desenvolvimento, criado pelo contrabaixista e compositor Marco Centasso, que conta com Sarra Douik (voz e oud), Manuel Caliumi (saxofone alto) e Riccardo Sellan (eletrónica), contando o dia ainda com o pianista Federico Nuti e o Simoni Teolis Duo, formado por Lorenzo Simoni, no saxofone alto, e Iacopo Teolis, no trompete.

O projeto “Jazz nos Bairros” conta com Tatiana Lima (guitarra), Razy (baixo), Jery Keys (teclas) e Filipe Padrão (bateria), apresentando-se em três palcos: no dia 15 no espaço Renovar a Mouraria, no dia seguinte no Centro de Recursos de Desenvolvimento Local de Base Comunitária, em Carnide, e no dia 17 na Junta de Freguesia da Misericórdia, no Palácio Cabral.

Na véspera do início da Festa do Jazz é apresentado, na biblioteca da Imprensa Nacional, o livro “Jazz: Panorama Portugal”, em inglês, destinado aos agentes internacionais, com vista à internacionalização do jazz português.

A Festa do Jazz abre dia 19 com uma estreia em palco, de João Barradas e Sara Serpa Quarteto, que “destaca o papel do Encontro Nacional de Escolas, que volta a acontecer este ano, na descoberta e divulgação dos melhores músicos de jazz portugueses”, disse, em entrevista à agência Lusa, Carlos Martins, diretor artístico da Associação Sons da Lusofonia (ASL), que organiza a Festa.

O Encontro Nacional de Escolas junta este ano músicos da Escola Profissional de Artes Performativas da Jobra, Sociedade Musical Capricho Setubalense, Escola Artística de Música do Conservatório Nacional, Conservatório de Música do Porto, Curso Profissional de Instrumentista de Jazz da Escola Artística do Conservatório de Música de Coimbra, Escola de Artes da Universidade de Évora, Escola de Jazz do Barreiro, Escola do Hot Clube, Escola Superior de Música de Lisboa, Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, da Jazz Academy of Music e da Universidade Lusíada de Lisboa.

O encontro realiza-se na Sala Freitas Branco do CCB nos dias 20 e 21 e das diferentes atuações serão distinguidos o Melhor Combo e o Melhor Instrumentista.

“A ideia central da Festa do Jazz é continuar, dentro da música improvisada feita em Portugal, a procurar sonoridades e, no fundo, ambiências sónicas que tenham alguma coisa a ver connosco, com o nosso passado, o nosso presente, com a nossa vivência e com a vivência artística de cada artista e de cada grupo”, afirmou Carlos Martins.

A Festa conta este ano com a Jazzopa, uma oficina de criação e performance sonora do jazz, hip hop e ‘spoken word’, um projeto da ASL que se apresentará pela última vez este ano, segundo nota da organização.

Do cartaz fazem ainda parte, entre outros, o Mateus Saldanha Quartet, com Mateus Saldanha (guitarra), Hugo Lobo (piano), Carlos Barreto (contrabaixo) e Gabriel Moraes (bateria), o compositor francês Robinson Khourry com o seu trio Mÿa, e o multi-instrumentista Brian Jackson.

O último dia da Festa é preenchido pelas atuações do quarteto alemão Hilde, em estreia nos palcos portugueses, e de Analogik, formado por Zé Almeida (contrabaixo), Mariana Dionísio (voz), Adèle Viret (violoncelo) e Samuel Ber (bateria).

Os programadores desta edição são Eduardo Morais e Cristiana Morais, da ASL.

Carlos Martins reconheceu uma “assinalável mudança” nos últimos anos no panorama jazzístico nacional, referindo que “o nível dos alunos, dos músicos e dos profissionais, subiu bastante”, mas lamentou “haver menos lugares para tocar e os músicos serem mais mal pagos do que nunca, ou seja, não há um processo de sustentabilidade no meio jazzístico português”.

O responsável considerou a situação “lamentável, e só é permitido aos músicos a profissionalização se trabalharem em Portugal e no estrangeiro”.

Martins disse que “a maioria dos músicos de jazz vive em casa dos pais ou depende financeiramente deles”, daí a ASL ter criado a Rede Portuguesa de Jazz, “mas é preciso internacionalizar o jazz português, até porque a sua dimensão artística é muito superior à sua dimensão de empregabilidade”.

Carlos Martins afirmou que “é preciso fazer alguma coisa e não esperar por uma decisão do Governo”. “Temos de ser todos em conjunto, e por isso é necessário que os músicos estejam mais juntos, e reciclem o espírito de comunidade que lançámos há vinte e tal anos com a Festa do Jazz”, declarou.

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Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/jazz-nos-bairros-antecipa-23-a-festa-do-jazz-em-lisboa/