
O músico e compositor Janeiro mostrou-se hoje surpreendido com a nomeação para os Grammy Latinos, com o álbum “Fugacidade”, algo que espera que tenha impacto na cultura portuguesa, mais do que na sua carreira.
Janeiro é candidato ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, com o disco “Fugacidade”, o seu terceiro álbum de originais, editado em setembro do ano passado.
Em declarações à Lusa, Janeiro confidenciou que a notícia da nomeação foi “uma surpresa muito grande”.
“Este trabalho foi construído ao longo de três anos, com uma banda de que fazem parte vários amigos meus e pessoas com quem toco já há muitos anos. E o disco foi produzido entre mim e o Zé Maria Gonçalves Pereira, outro amigo. Um disco que foi feito com muito amor e com muita dedicação à arte, muita dedicação à música e muito focado na obra. Portanto, foi uma surpresa muito grande e estou muito muito muito contente, e feliz, claro”, afirmou.
Além disso, “Fugacidade” foi escrito com uma guitarra que o músico Rui Veloso lhe ofereceu há muitos anos, e isso “também é muito especial”.
Para Janeiro, estar nomeado a um Grammy Latino, mesmo não ganhando, já é “um reconhecimento incrível”.
“Não só da minha obra, como também para Portugal. Mais do que para a minha carreira, espero que isto possa ter impacto para a cultura portuguesa, e como a cultura portuguesa chega lá fora”, disse.
Além disso, espera que a sua nomeação sirva “para os portugueses acreditarem também que é possível fazer um álbum pop com conteúdo”. “Com conteúdo lírico, com conteúdo harmónico e melódico, com histórias que são reais, são autobiográficas, e que eu vivi e que eu sinto, e cujo disco também me curou tanto”, referiu.
O músico lembrou que “Fugacidade”, composto por 13 canções, é um trabalho que “faz parte de uma grande cura de saída da cidade”. “O disco é uma brincadeira entre a fuga da cidade interna que sentimos e estes tempos efémeros, estes tempos tão rápidos e tão vazios”, contou.
O terceiro álbum de originais a solo foi primeiro que deixou “marinar”, depois de o ter gravado, produzido, misturado e masterizado. “Entretanto comecei a gravar outro disco com o Paulo Novaes [‘Proto-colar, Vo.2’, editado em 2023] e deixei esse disco a marinar. Isso foi a melhor coisa que eu podia fazer”, disse.
Janeiro faz música “que é para todos, mas que tem toques do jazz, tem toques da MPB, que pisca o olho ao Brasil, que traz também muito da canção portuguesa”.
A nomeação, acredita, vai fazer com que mais pessoas conheçam a música que faz.
Henrique Janeiro, 31 anos, natural de Coimbra e que assina musicalmente apenas com o apelido, editou há dez anos o EP de estreia, “Janeiro”, gravado num estúdio caseiro. O primeiro álbum, “Frag.men.tos”, chegou em 2018, ano em que participou no Festival da Canção com o tema “(sem título)”.
Dois anos depois editava o álbum “Sem Tempo”, assim como a versão acústica deste, intitulada “Com Tempo”.
Lançou depois, em colaboração com o músico brasileiro Paulo Novaes, o EP “Proto-colar, vol.1” e o álbum “Proto-colar, vol.2”.
Atualmente a trabalhar num novo álbum, que deverá ser editado na primeira metade de 2026, Janeiro dedica-se também à produção musical e ao ‘sound design’.
O álbum, que terá 14 temas, já tem título – “Reticências” – e vai contar com “muitas participações especiais”, que o músico não quer para já revelar.
Além de Janeiro, há um outro português nomeado aos Grammy Latinos, que serão entregues a 13 de novembro em Las Vegas, nos Estados Unidos.
O fadista Camané concorre na categoria de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa, com o álbum “Ao vivo no CCB – Homenagem a José Mário Branco”, editado em novembro do ano passado, sendo a segunda nomeação do cantor.
Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/musico-e-compositor-janeiro-surpreendido-com-nomeacao-para-os-grammy-latinos/