5 de agosto de 2025
o álbum que mudou os Beatles
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Há 59 anos, os Beatles romperam com as letras habituais com o lançamento de “Revolver”. O álbum de 66 foi disruptivo, despiram-se das músicas cor-de-rosa sobre amor e relações e mergulharam em temas negros, ousados, marcantes da turbulenta década de 60.
A capa, psicadélica, já anunciava a revolução sonora e visual da nova era da banda de Liverpool.

Os Beatles passaram das músicas de paixão e amor, para a intensidade e fervor de jovens rebeldes a emanciparem-se.

Na década de 60, os Beatles já não eram apenas uma banda, eram uma instituição cultural. A fama deixou de ser um fenómeno passageiro para se tornar quase monárquica, como descreveu a imprensa da época, no jornal “London Evening Standard” a 4 de março de 1966: “They are famous in the way the Queen is famous. When John Lennon’s Rolls-Royce, with its black wheels and its black windows, goes past, people say: ‘It’s the Queen,’ or ‘It’s The Beatles”.

Foi no auge da euforia e do poder cultural dos Beatles na sociedade britânica que John Lennon, num misto de provocação, autoconfiança e uma saudável superioridade, soltou uma frase que se tornaria icónica, até hoje: “We’re more popular than Jesus now; I don’t know which will go first — rock ‘n’ roll or Christianity.”

Como se viu, mesmo antes do lançamento do álbum de agosto de 1966, os Beatles já tinham alcançado um estatuto absoluto — consolidado por álbuns mundialmente aclamados e uma multidão de fãs espalhadas pelo planeta. Mas, para eles, ainda havia muito por fazer.

Passado poucos meses, a 5 de agosto de 1966, os Beatles lançaram “Revolver”, álbum que dá continuação a “Rubber Soul” (editado em 1965). George Harrison, guitarrista, afirmara que as diferenças entre os dois eram mínimas, e que poderiam perfeitamente ter sido lançados como Volume 1 e Volume 2.

Após sair “Revolver”, Paul McCartney descrevia o processo de criação do novo álbum dos Beatles como algo inédito: “This time, we had all our own numbers, including three of George’s, and so we had to work them all out. We haven’t had a basis to work on, just one guitar melody and a few chords and so we’ve really had to work on them. I think it’ll be our best album yet. They’ll never be able to copy this!”

“Revolver” não foi apenas mais um álbum dos Beatles, foi talvez em junção com o “Rubber Soul” a viragem criativa a 100%. Um álbum que demorou mais a ser produzido do que os restantes, uma vez que, pela primeira vez, cada membro trazia o seu cunho pessoal para o estúdio.

Não se tratava de seguir fórmulas ou repetir sucessos anteriores, passaram a uma criação totalmente original, nascida do zero, a partir de cada membro da banda, o que justifica a confiança de Paul McCartney ao afirmar: “They’ll never be able to copy this.”

Recuando, “Rubber Soul”, já mostrava sinais de mudança, com incursões pelo R&B. Mas foi com “Revolver” que os Beatles entravam por completo em território novo. Desta vez, não só com o Folk e o R&B, mas também com influências da música clássica indiana em “Love You To”, e melodias infantis que davam azos ao sucesso — “Yellow Submarine”.

Contudo, os Beatles não foram os únicos, naquela altura, a destacar se pelas transições musicais, os Beach Boys também o fizeram.

Enquanto os Beach Boys tentavam afastar-se do estilo californiano, que se centrava apenas em temas como raparigas, praia e surf. Da mesma forma, os Beatles começaram a abandonar as suas canções iniciais focadas no amor e em relações. Ambas as bandas, na mesma época, evoluíram para algo mais profundo e sofisticado, incorporando temas introspectivos, sociais e até políticos (“Taxman”).

A grande mudança, sentia se com a referências à droga (LSD), em temas como “Doctor Robert” (1966), e pelo outro lado do Atlântico, os Beach Boys entravam numa fase mais ousada e experimental, como se pode ouvir em “Good Vibrations” (1966), ambas canções, que marcam a transição para sonoridades mais complexas e ambiciosas, tanto pelo Beatles como pelo Beach Boys.

A emancipação musical de ambas as bandas, dá se, portanto, por uma fase rebelde, cada uma no seu contexto continental, mas ambos refletiam o espírito de mudança dos anos 60.

Por fim, a capa do álbum, criada por Klaus Voormann, amigo dos membros da banda, antecipava, vista hoje, a virada estética dos Beatles para uma fase mais alternativa. O trabalho rendeu-lhe um Grammy.

O resto foi e é história, um ano mais tarde, sai Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band(1967), “Magical Mystery Tour” (1967), The Beatles ou “White álbum” (1968), “Abbey Road” (1969) e “Let it Be” (1970).

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Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/o-album-que-mudou-os-beatles/