
Ao longo dos 9 dias de programação milhares de pessoas visitaram a 12.ª edição do festival que se reafirma como uma construção colectiva.
O WOOL voltou a invadir a Cidade Neve e o resultado não poderia ter sido mais positivo para a Covilhã: milhares de visitantes, novos murais, novas instalações artísticas, mais de 40 actividades de criação e usufruto cultural, a consolidação da RUA WOOL e o mais determinante, a certeza da possibilidade de construção de uma comunidade mais participativa e coesa através da Arte e da Cultura.
Depois da intensa actividade artística que decorreu ao longo de 9 dias, a Covilhã dá a conhecer as intervenções que resultam desta edição: os murais dos Boa Mistura (ES), Lidia Cao (ES), Stelios Pupet (GRE), Lígia Fernandes (PT) e as instalações de Ampparito (ES).
A obra de maior dimensão e absolutamente marcante para a Covilhã e para a história do WOOL é a parede dos Boa Mistura, colectivo reconhecido mundialmente pelos seus projectos de construção comunitária. Um mural com mais de 450 metros quadrados de dimensão com a palavra “AMOR” repetida várias vezes com diversas cores e formas. Segundo os artistas, a escolha da palavra não foi feita ao acaso, representado uma necessidade e urgência face ao momento que atravessamos a nível mundial. Assume-se como um apelo a “amar mais” firmado na Covilhã, que pode ser visto de vários pontos desta cidade, mas que será reconhecido muito além fronteiras, como manifesto global.

Já a portuguesa Lígia Fernandes deixou na cidade 3 novos murais que respondem à reflexão sobre a perda da rua na vida infantil da Covilhã – onde andam as brincadeiras de antigamente? É nesta exploração que a artista deixa em mural brincadeiras como “aí vai lenha”, “corrida com arcos” e as “escondidas”. Estes murais podem ser encontrados na zona histórica da cidade e no processo da sua feitura foram-se juntando várias pessoas e mãos, que assinam, juntamente com a artista, estas paredes.
Ao Roteiro de Arte Pública WOOL acrescentam-se ainda os murais de Lidia Cao e Stelios Pupet, que tendo como inspiração comum o trabalho do pintor local Eduardo Malta e na figura feminina, se focam em temáticas distintas: a persistência e resistência da mulher e o cuidado e devoção à natureza.

A dupla espanhola Ampparito criou duas instalações de arte mais conceptuais que estão neste momento nas ruas da Covilhã. A primeira delas – “Naranjo para calle” – que se trata de uma laranjeira enjaulada, abre a reflexão sobre a necessidade de colocarmos grades, fechaduras, cadeados nos objectos a que atribuímos valor quando os colocamos na rua. A segunda, trata-se de um portão de uma fábrica antiga da Covilhã que foi recuperado por esta dupla de artistas. No projecto a que intitulou “Verde memoria”, o portão cobre-se de 6 tons de verde diferentes, variedade que provém de diversos relatos de antigos funcionários da fábrica acerca da tonalidade original do portão. Torna-se assim uma homenagem à “memória” e à forma como ela é personalizável.
O WOOL conheceu em 2025 também um momento importante de consolidação na vida cultural da cidade ao fazer a sua abertura oficial com a inauguração de uma sala própria no Museu da Covilhã, um marco importante não só na institucionalização do festival mas também da arte urbana.

Na programação musical, os mini-concertos voltaram a ser das acções com maior adesão por parte da população local e visitante, com espectáculos completamente lotados e que faziam parar a atividade da cidade por alguns momentos. Destaque especial à estreia do projecto Má–Hora, que passou de tocar do seu quarto para uma escadaria com mais de 120 pessoas.

Também Surma e Bia Maria actuaram para plateias completamente cheias nos seus respectivos concertos. No caso de Surma foram apresentados os resultados de uma residência sonora e visual que captou sons e imagens característicos da Covilhã. Já Bia Maria levou ao palco o seu mais recente disco “Qualquer Um Pode Cantar” e o resultado da colaboração com o Coro Viés – Vozes em Intervenção, um grupo totalmente feminino recentemente criado pela cooperativa de intervenção social, Coolabora. Este espectáculo aconteceu perante uma Igreja de Santa Maria Maior completamente lotada, numa data em que as artistas subiram a palco vestidas com as cores da Palestina em solidariedade com os recentes acontecimentos de destruição massiva em Gaza.

A 12.ª edição do WOOL foi palco de mais movimentos de activismo artístico numa clara vontade de reagir às ansiedades sociais actuais. Exemplo disso foi o espectáculo “Desenhos Efémeros” de António Jorge Gonçalves, a estreia do filme “CROSSROADS – el viaje circular de Boa Mistura“ e as próprias WOOL Talks., que lançaram desafios para a renovadas ocupações do espaço público.

“Foi muito interessante testemunhar todo o activismo artístico que ocorreu durante toda a semana WOOL. Tivemos momentos de empatia, de encontro, de partilha e de união na rua, acho que é este o perfeito resumo do WOOL 2025”, declara Lara Seixo Rodrigues, organizadora e fundadora do festival.

Além do sucesso e elevada participação em outras actividades como as visitas guiadas, o quizz, as conversas e a RUA WOOL, é de destacar ainda o almoço comunitário, o momento chave que fechou esta edição WOOL em que se apresentou – por fim – os resultados da actividade comunitária “Todos Somos o Outro”, ao desvendar um enorme tapete feito a mais de mil mãos.

A edição 2025 do WOOL | Covilhã Arte Urbana conta com o apoio do Turismo de Portugal / Turismo Centro Portugal – incentivo Portugal Events, da Câmara Municipal da Covilhã, do BPI | Fundação “la Caixa”, da Embaixada de Espanha em Portugal e dos mecenas REN – Redes Energéticas Nacionais, Farmácia Covilhã, União de Freguesias de Covilhã e Canhoso. Conta ainda com o patrocínio das Tintas CIN e de um conjunto de outras empresas nacionais e locais.
Conteúdo patrocinado por Faz & Erra.
Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/o-wool-2025-da-seis-novos-murais-e-duas-instalacoes-a-covilha/