O Brasil registrou em 2025 uma nova redução no desmatamento da Amazônia e do Cerrado, consolidando o segundo ano consecutivo de queda nos dois principais biomas do país. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o desmatamento na Amazônia Legal somou 5.796 quilômetros quadrados entre agosto de 2024 e julho de 2025, o que representa uma diminuição de 11,08% em relação ao período anterior. No Cerrado, foram 7.235 quilômetros quadrados desmatados no mesmo intervalo, uma redução de 11,49% comparada ao ano anterior. Os números foram anunciados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e representam a terceira menor taxa da série histórica da Amazônia desde 1988, além de marcarem o segundo ano seguido de queda no Cerrado após um ciclo de cinco anos de aumento.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que os resultados refletem a retomada da política ambiental como prioridade do governo federal e o fortalecimento da fiscalização nos biomas. Segundo o Ministério, as reduções são fruto direto da reestruturação dos órgãos de controle, da ampliação das ações de campo e da recomposição de instrumentos como o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado). O governo aponta ainda a integração entre União, estados e municípios como um dos fatores determinantes para o resultado positivo, especialmente nas áreas classificadas como prioritárias para combate ao desmatamento.
Nos municípios que integram o programa União com Municípios, criado para apoiar administrações locais em ações de comando e controle, a redução na Amazônia foi ainda mais expressiva, alcançando 65,5% em relação ao mesmo período anterior. Entre os estados da Amazônia Legal, as maiores quedas ocorreram em Tocantins, com 62,5%, Amapá, com 48,15%, Acre, com 27,62%, Maranhão, com 26,06%, Roraima, com 37,39%, Rondônia, com 33,61%, e Amazonas, com 16,93%. O Mato Grosso, por outro lado, apresentou aumento de 25% no desmatamento, apontando para a necessidade de reforço das políticas locais de controle.
No Cerrado, que historicamente tem apresentado tendência de alta na devastação, a queda registrada em 2025 é considerada significativa e mostra um início de reversão no cenário. Mesmo com o recuo, o bioma ainda responde por uma grande parcela da perda de vegetação nativa no país, concentrada principalmente na região conhecida como Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que juntos somaram 77,9% do total desmatado no período.
A atuação de órgãos como o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade teve papel central nessa redução. Entre 2020 e 2025, o Ibama aumentou em 81% o número de autos de infração na Amazônia, aplicou 63% mais multas e embargou 51% mais áreas. No Cerrado, o número de multas cresceu 130% e as áreas embargadas tiveram alta de 26%. Esses índices demonstram a retomada da presença do Estado na proteção dos territórios e o fortalecimento da política de responsabilização de infratores ambientais.
Do ponto de vista climático, a queda no desmatamento representa um avanço expressivo para as metas brasileiras de redução de emissões. Estima-se que, desde 2022, a diminuição nas áreas desmatadas na Amazônia e no Cerrado tenha evitado a emissão de cerca de 733,9 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, o que corresponde a quase o total das emissões anuais da Espanha e da França somadas. Essa conquista ocorre em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30, reforçando seu papel de liderança internacional no enfrentamento das mudanças climáticas e na defesa dos biomas tropicais.
Apesar dos resultados positivos, especialistas alertam que a queda de 11% ainda exige cautela. A redução é relevante, mas o desafio de consolidar uma política ambiental sustentável e duradoura permanece. O avanço sobre áreas de difícil fiscalização, a pressão do agronegócio, a especulação de terras e as queimadas ilegais continuam como fatores de risco. O Ministério do Meio Ambiente reconhece que cada novo ponto percentual de redução será mais difícil de alcançar e dependerá da capacidade de integrar conservação ambiental com desenvolvimento econômico e inclusão social.
A diminuição simultânea do desmatamento na Amazônia e no Cerrado em 2025 indica uma mudança de rota após anos de descontrole, mas também deixa claro que a luta contra a devastação é contínua. Os dados consolidam o Brasil como exemplo global de reversão possível em políticas ambientais, ao mesmo tempo em que expõem a necessidade de vigilância permanente para que a preservação não dependa apenas de ciclos políticos, mas se torne um compromisso de Estado.
Fonte: https://horadopovo.com.br/amazonia-e-cerrado-registram-queda-de-11-no-desmatamento/
