JANAINA DEITOS
A China é fincharral! A expressão — uma forma oral do mandarim que significa algo extraordinário, sensacional — acompanhou nossa delegação durante todos os dias em que estivemos naquele país gigantesco e vibrante. E não existe palavra mais precisa para expressar o que vi, ouvi e senti entre 29 de outubro e 7 de novembro de 2025, quando representei o PCdoB junto com os camaradas Altair de Freitas (Escola Nacional João Amazonas) e Rafael Leal (presidente da UJS). A delegação brasileira era formada por quinze pessoas, representantes dos partidos PCdoB, PT, PSOL, PDT e PSB, convidados pelo Partido Comunista da China (PCCh) para aprofundar as relações políticas, ampliar a cooperação e conhecer de perto os enormes avanços chineses em tecnologia, meio ambiente, superação da pobreza e organização partidária.
Viajar à China é experimentar, ao mesmo tempo, a força da história e o vigor do futuro. É estar numa civilização milenar que guarda memória profunda, mas que avança com energia renovada, guiada por um projeto nacional sólido: o Socialismo com características chinesas.
Entre tantas impressões, nada é mais marcante do que o povo chinês. Gente educada, acolhedora, bem-humorada, atenciosa — verdadeiros anfitriões de um processo revolucionário em curso. Há neles uma combinação admirável de disciplina e leveza, rigor e gentileza, fruto de uma consciência coletiva sobre o papel de cada pessoa na construção do futuro comum.
A dedicação ao desenvolvimento nacional é visível em tudo. A lógica que move a China é simples, direta e poderosa: transformar todas as potencialidades em prosperidade compartilhada para garantir uma vida confortável para o povo. Isso orienta o desenvolvimento econômico, as ações públicas, a cultura cotidiana e a organização social.
O sentimento de que todos caminham na mesma direção é talvez o elemento mais forte da experiência chinesa.
E essa direção aparece no dia a dia: cidades limpas, floridas e organizadas; espaços públicos planejados; infraestrutura moderna integrada à natureza; tecnologia avançada, mas sempre a serviço das pessoas. O cuidado coletivo é palpável, presente nos grandes feitos e nos pequenos detalhes.
Respira-se na China um clima de confiança — confiança no socialismo, no Partido, no futuro. Conversamos com jovens, trabalhadores, militantes, dirigentes, e todos tinham clareza sobre o rumo estratégico do país.
Os chineses estudam, pesquisam, debatem, planejam e sintetizam. Três palavras apareciam em todos os encontros: prosperidade do povo, aprofundamento e talentos.
Aprofundar — nos estudos, na prática, na organização, na teoria, nas relações — parece uma filosofia nacional.
A centralidade na produção impressiona. O mérito, o esforço e o compromisso com o coletivo orientam as instituições. A formação de quadros é permanente — política, científica e técnica — garantindo que o país tenha sempre pessoas preparadas para cada etapa do desenvolvimento.
Durante nossa estadia, o país estava imerso no processo de debate do 15º Plano Quinquenal (2025–2030). Não se trata de um documento burocrático, mas de um grande movimento nacional de estudo, discussão e síntese, dirigido pelo Partido, para avançar no caminho da modernização do País.
É o povo estudando o futuro; é o Partido transformando necessidades em política; é o Estado planejando, organizando e executando.
Outro aspecto notável é a postura nas relações internacionais da China. Ninguém tentou nos impor nada, não vimos arrogância nem prepotência. Vimos disposição sincera em dialogar com o mundo, aprender com outros povos, trocar experiências. Buscam cooperação, constroem alianças e o fazem com firmeza e segurança política.

A China se enxerga no Brasil: reconhece nossas semelhanças, nossos desafios e nossas potencialidades. Não se coloca como superior; vê o Brasil como parceiro estratégico, outro país em desenvolvimento que busca industrialização, soberania e modernização. Há respeito genuíno e interesse mútuo.
Essa é a China que vi: disciplinada, sensível, moderna, amorosa com seu próprio povo e absolutamente convicta de seu futuro socialista.
A construção do socialismo só é possível com conhecimento profundo da teoria e aplicação prática do marxismo-leninismo, mas é impossível trilhar essa jornada, sem levar em consideração a história de um povo. Visitando a China, essa convicção se renova.
A China não é um modelo pronto, mas é uma inspiração poderosa. É a prova viva de que o socialismo funciona — e funciona produzindo desenvolvimento real, estabilidade e bem-estar.
Na exuberante Escola Nacional de Formação do PCCH há uma rocha entalhada com duas frases, uma de cada lado, que orientam profundamente a militância comunista: “Servir ao povo” como compromisso; “Buscar a verdade nos feitos” como método.
Que estas consignas também nos orientem na construção do nosso próprio caminho.
Visitar a China é, para mim, ver materializado aquilo que debatemos, estudamos e defendemos ao longo de mais de 30 anos de militância comunista.
Volto ao Brasil renovada na convicção de que o socialismo é o futuro da humanidade.
Como disse o saudoso Gonzaguinha “vamos lá fazer o que será”, movidos pela força das potencialidades do nosso povo, pela grandeza da nossa história e pela ousadia da nossa criatividade.
Cabe a nós forjar um potente Projeto Nacional de Desenvolvimento que pavimente, com coragem e unidade, o caminho brasileiro rumo ao socialismo.
A China é fincharral.
E o futuro que vamos construir no Brasil também será!
Janaina Deitos é presidente do PCdoB de Florianópolis/SC e membro do Comitê Central do PCdoB.
Fonte: https://horadopovo.com.br/china-o-que-vi-ouvi-e-senti/
