Com juros mais altos, consignado no setor privado acelera endividamento de baixa renda

O Crédito do Trabalhador, consignado criado para trabalhadores da iniciativa privada, registrou, em cinco meses, um aumento de 80% nos endividamentos. De acordo com Relatório do Banco Central, a modalidade atinge trabalhadores com renda baixa, menor instrução, pouco tempo de empresa, taxa de endividamento mais alta, além de juros mais altos, o que compromete a renda das famílias e aumenta a inadimplência.

O crescimento do endividamento nessa modalidade foi superior ao observado no crédito consignado anterior, que inclui convênio entre empresas e bancos. Enquanto o estoque subiu R$ 14,7 bilhões no novo regime, o volume subiu R$ 13,6 bilhões na modalidade antiga.

Conforme o relatório do BC, de março a julho, foram 3,0 milhões de contratos de crédito consignado privado, sendo que 2,3 milhões foram do Crédito do Trabalhador. As concessões atingiram R$ 21,9 bilhões no período, sendo que R$ 13,6 bilhões são referentes ao novo consignado.

A forte concentração de contratos entre a população de baixa renda aponta para o risco crescente de endividamento nesse segmento, agravado pela falta de controle sobre o teto dos juros. Conforme o Banco Central, a taxa média do Crédito do Trabalhador atingiu 58,0% ao ano nas operações contratadas até o final de julho. No mesmo período, a taxa média dos contratos de convênios era de 36,2% ao ano.