13 de agosto de 2025
Empresário matou gari com arma da esposa delegada e foi
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Criminoso foi preso na academia após cometer o assassinato – Foto: Rádio Itatiaia

O gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foi morto após ser atingido por um disparo durante uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte. O responsável pelo crime é o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, que, segundo testemunhas, sacou uma arma ao confrontar trabalhadores de um caminhão de lixo que realizava a coleta. A motorista, em choque, teria sido ameaçada com a frase: “se você esbarrar no meu carro, eu vou dar um tiro na cara”. No meio da confusão, o disparo atingiu Laudemir na região torácica, atravessou o corpo e ficou alojado em seu antebraço, levando-o à morte por hemorragia interna.

Após o crime, o empresário fugiu e foi localizado e preso em flagrante na academia de alto padrão onde treinava, ainda vestido com roupas esportivas. Conforme a Polícia Civil de Minas Gerais, Renê foi autuado por homicídio duplamente qualificado — com os agravantes de motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima — além de ameaça.

A arma utilizada no crime teria pertencido à sua esposa, Ana Paula Balbino Nogueira, delegada da Polícia Civil de Minas Gerais. Ela possuía em casa duas armas registradas em seu nome: uma institucional (de uso funcional) e uma particular calibre .380, a mesma usada no homicídio. Ambas foram apreendidas e estão em análise pericial, com o laudo esperado em até dez dias. A delegada declarou que não tinha conhecimento do crime e afirmou que o marido não tinha acesso às armas; contudo, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil instaurou um procedimento disciplinar e um inquérito para apurar se houve omissão de cautela ou prevaricação.

Renê negou ter cometido o crime, alegando sequer ter passado pelo local e que havia ido diretamente de casa para o trabalho, em Betim; entretanto, as investigações com base em imagens de câmeras de segurança, depoimentos testemunhais e identificação da placa do carro — um BYD cinza registrado em nome da delegada — sustentam sua presença na cena do crime e embasaram a manutenção da prisão em flagrante, com pedido de conversão em preventiva.

Natural de Belo Horizonte, a vítima trabalhava havia cerca de oito anos para uma empresa terceirizada responsável pela limpeza urbana. Laudemir foi socorrido ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu aos ferimentos; seu corpo passou por necropsia e foi liberado aos familiares. A Prefeitura de Belo Horizonte e a empresa terceirizada emitiram nota informando que prestam apoio à família e lamentam a perda.

Nas redes sociais, antes do episódio, Renê mantinha uma presença ativa. Seu perfil no Instagram, com cerca de 30 mil seguidores, incluía em sua biografia a autodescrição em inglês: “christian, husband, father & patriot” (“cristão, marido, pai e patriota”). Após a repercussão do caso, seus perfis foram apagados.

O caso segue sob investigação e deve avançar para audiência de custódia. A sociedade segue atenta ao desfecho judicial e à apuração da responsabilidade, tanto criminal quanto administrativa, no que diz respeito ao acesso às armas pela delegada.

Fonte: https://horadopovo.com.br/empresario-matou-gari-com-arma-da-esposa-delegada-e-foi-preso-em-academia-horas-depois-do-crime/