Indústrias e trabalhadores do RS debatem proteção aos empregos e alternativas a tarifaço dos EUA

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Centrais Sindicais e cerca de 15 federações de trabalhadores vinculadas aos setores exportadores para o mercado norte-americano se reuniram na última terça-feira (5), para buscar soluções que protejam empregos e setores produtivos, diante do tarifaço de Donald Trump aos produtos brasileiros.

O Rio Grande do Sul é um dos estados mais afetados com a medida dos Estados Unidos. Cerca de 85% dos produtos gaúchos exportados para os EUA estão sujeitos à taxação. O estado emprega cerca de 140 mil trabalhadores nas áreas sob tarifas, que teriam pelo menos 20 mil destes postos de trabalho já diretamente ameaçados.

“São 140 mil postos de trabalho que podem ter seus empregos abalados”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) Cláudio Bier, afirmando que o momento é de unir forças e encontrar canais de diálogo para “minimizar os impactos para as empresas e os trabalhadores”.

“A participação de todos é fundamental para o fortalecimento do diálogo e para a construção de soluções conjuntas que enfrentem essa crise das tarifas. A unificação de esforços entre empresários e trabalhadores é urgente. Com o consenso, podemos levar propostas aos governos estadual e federal. Essas medidas visam preservar postos de trabalho e evitar demissões”, afirmou Bier.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT/RS), Amarildo Censi, as medidas do presidente dos EUA atingem diretamente os trabalhadores e, segundo ele, “a resposta não pode ser só diplomática. É preciso proteger a renda e o trabalho dos brasileiros”, disse.

Amarildo Cenci entregou à Fiergs um documento elaborado em conjunto pelas federações. “A proteção dos setores econômicos e dos trabalhadores é essencial. Estamos interessados em fazer parte dessa discussão que olha para a economia e para os postos de trabalho”, disse.

Segundo o diretor da Força Sindical-RS, “é preciso que as empresas se mantenham funcionando para que possam manter os empregos”.

“Podemos construir um projeto para que possamos superar este momento difícil. Nós já vencemos a pandemia e as enchentes. Vamos encontrar uma saída com diálogo”, destacou o dirigente sindical.

No encontro, as lideranças empresariais e de trabalhadores também defenderam que o Brasil reforce sua soberania econômica por meio de um projeto nacional de desenvolvimento, baseado na reindustrialização, inovação e valorização do trabalho.

As propostas aprovadas na reunião serão levadas ao governo federal nas próximas semanas. A ideia é fazer um esforço conjunto para garantir medidas emergenciais de proteção comercial e estímulo à produção interna.