21 de novembro de 2025
Justiça condena Ney Santos – ex-prefeito de Embu, aliado do
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A Justiça de São Paulo condenou Ney Santos (Republicanos), ex-prefeito de Embu das Artes, a 3 anos e 9 meses de prisão em regime semiaberto pelo crime de transporte e posse de arma de fogo com numeração raspada.

A sentença de condenação é da juíza Mayara Maria Oliveira Resende, da 2ª Vara Criminal de Cosmópolis (SP) e foi publicada no site do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). A juíza concedeu aos réus o direito de recorrer da decisão em liberdade.

O caso que motivou a condenação aconteceu em fevereiro de 2019, quando Santos viajava com o motorista em um veículo da prefeitura. Eles foram parados após a Polícia Militar desconfiar do trajeto feito pelo condutor. 

Os agentes encontraram no assoalho do banco do motorista uma pistola calibre .380 da marca Taurus com numeração raspada, três carregadores e uma mira laser, acessório de uso restrito.

Durante o processo, Ney Santos, que é do mesmo partido e aliado do governador Tarcisio de Freitas afirmou que havia se perdido no caminho enquanto deixava a cidade de Cosmópolis, no interior de São Paulo, rumo à capital, e que não sabia que o motorista tinha uma arma irregular. Ele apontou que, normalmente, era acompanhado por um guarda municipal e que o motorista havia sido designado de última hora por um assessor.

A Justiça, no entanto, afastou a justificativa defendida por Santos. Na sentença, a juíza afirmou que a arma circulava livremente dentro do carro e que sua visibilidade era evidente. Ressaltou que ambos os réus se revezavam ao volante, o que, na prática, implicaria também o transporte do armamento no interior do veículo.

A magistrada também destacou o fato de que Ney Santos ocupava o cargo de prefeito na época dos fatos. Ela ressaltou que agentes públicos devem observar conduta irrepreensível, já que representam a sociedade. O volume de munições encontradas (15 cartuchos de 9 mm e 30 de calibre .380) também foi considerado uma circunstância negativa.

O Ministério Público havia pedido a condenação de ambos os réus, argumentando haver prova suficiente de autoria e materialidade. A pena aplicada ao motorista foi de 3 anos e 4 meses de reclusão.

Além do transporte e posse de arma com numeração raspada, o ex-prefeito foi acusado de usar um bem público, um Toyota Corolla locado pela Prefeitura de Embu das Artes, indevidamente, em proveito próprio. No entanto, a justiça entendeu que não havia elementos para prosseguir a ação penal por esse crime.

ALIADO

Em julho, aliados do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, fizeram apelos para que ele concorra à Presidência da República em uma cerimônia para a entrega de 432 unidades habitacionais em Embu das Artes.

Ney Santos e a deputada federal Ely Santos, ambos do Republicanos, também estavam na cerimônia. Ainda, Ney Santos, que é réu em processo por lavagem de dinheiro por suposto envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), chegou a pegar no braço do governador e anunciá-lo como candidato ao Planalto.

“O estado de São Paulo está pequeno para o senhor”, disse Ney Santos. “A voz do povo é a voz de Deus e Tarcísio será o nosso presidente da República”, acrescentou.

Ney Santos tem um longo histórico de investigações e foi acusado de envolvimento com o PCC. Ele sempre alegou ser inocente.

Em 1999, quando tinha 19 anos, Ney Santos foi condenado por receptação e formação de quadrilha. Quatro anos depois, foi novamente condenado, desta vez por assaltar um carro-forte portando metralhadora.

Ele permaneceu dois anos preso, mas a Justiça o absolveu em segunda instância. Em liberdade, entrou no ramo de postos de combustíveis e, segundo o MP-SP, em quatro anos acumulou patrimônio de R$ 100 milhões incompatível com sua renda.

Em 2010 se candidatou a deputado federal. Poucas semanas antes da eleição foi preso outra vez por lavagem de dinheiro, estelionato, adulteração de combustível, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Ele teve os bens bloqueados, inclusive uma Ferrari avaliada em R$ 1,5 milhão.

Em 2012, Ney Santos foi eleito vereador de Embu das Artes. No ano seguinte respondeu por compra de votos e chegou a ter o mandato cassado. Ele ficou afastado por cinco meses, mas recuperou o mandato graças a uma liminar. 

Em 2016, foi eleito prefeito de Embu das Artes. A posse foi barrada porque a Justiça decretou novamente sua prisão por lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas. Mas uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a prisão e ele reassumiu o cargo. 

Em 2020, Ney Santos foi reeleito prefeito de Embu das Artes. Ele teve 48,39% dos votos. Foram 61.660 no total. O então candidato derrotou Rosângela Santos (PT), que ficou com 21,33% (27.178 votos). 

O prefeito foi cassado sob a acusação de ter cometido abuso de autoridade “por extrapolar no limite de publicidades”, Mas em setembro de 2022, o STF suspendeu, em decisão liminar do ministro André Mendonça – indicado por Bolsonaro, a cassação e o autorizou a comandar novamente a Prefeitura.

Fonte: https://horadopovo.com.br/justica-condena-ney-santos-ex-prefeito-de-embu-aliado-do-pcc-e-amigo-de-tarcisio/