9 de agosto de 2025
Justiça Militar absolve PMs acusados de fraudar cena do crime
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Kathlen de Oliveira Romeu, de 24 anos, foi baleada no Complexo do Lins. Ela estava grávida de 4 meses – Foto: Reprodução

Nesta terça-feira (5), a Auditoria da Justiça Militar absolveu por 4 votos a 1 os policiais militares acusados de fraudar o local onde assassinaram Kathlen Romeu, 24 anos, no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, em junho de 2021. Kathlen, grávida de 14 semanas, foi atingida por um tiro de fuzil no peito ao sair da casa da avó, que estava visitando.

O Ministério Público informou que recorrerá da decisão. “O julgamento em segunda instância será no Tribunal de Justiça, sem participação de militares. Este julgamento tratou apenas da fraude processual. O homicídio já está sendo processado no TJ”, explicou a instituição.

Conforme a perícia, o sargento Rafael Chaves Oliveira e os cabos Rodrigo Correia Frias e Marcos Felipe da Silva Salviano recolheram cartuchos da cena e apresentaram cápsulas de outra origem à investigação policial, para sustentar a falsa alegação de que teriam atingido acidentalmente Kathlen durante um suposto confronto.

A perícia confirmou que as cápsulas foram inseridas posteriormente. Um vídeo mostra os PMs alterando a cena logo após os tiros. Familiares e testemunhas afirmam que não havia confronto – nem pessoas armadas – quando os policiais chegaram ao Beco do 14, local do crime.

Apesar das evidências, o Conselho Especial de Justiça, formado pelo juiz Leonardo Picanço e quatro oficiais da PM, votou por maioria pela absolvição. Picanço foi o único a votar pela condenação: “Houve inovação artificiosa no local do crime, como comprovado nos autos. A prova técnica mostra que não houve confronto”.

Quatro PMs foram absolvidos do crime de falso testemunho e todos inocentados da acusação de coletarem cápsulas de fuzis do local. As defesas alegaram que as argumentações do MP foram genéricas.

Kathlen, modelo e designer de interiores, foi morta em 8 de junho de 2021 quando visitava a avó no Complexo do Lins. Sua mãe, Jaqueline Oliveira, disse ao portal Ponte que a família recebeu a decisão “como mais um tiro de fuzil”.

“Sabemos que historicamente esse tribunal concede impunidade. Onde já se viu militar julgar militar?”, questionou. “É um sistema que, quando não nos mata, nega justiça. Nem deveria existir esse tribunal militar – sua composição é um escárnio.”

“Minha filha e meu neto foram assassinados por PMs. Se fosse o contrário, já estaríamos presos há quatro anos. A vida de um agente vale mais que a da minha filha?”, desabafou Jaqueline.

Fonte: https://horadopovo.com.br/justica-militar-absolve-pms-acusados-de-fraudar-cena-do-crime-de-kathlen-romeu-gravida-morta-a-tiro-de-fuzil/