
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Sindicalistas denunciam BC por favorecer rentistas em meio à crise
A manutenção da taxa Selic em 15% definida pelo Banco Central na quarta-feira (30), mesmo diante das tensões econômicas provocadas pelo tarifaço de Trump, foi repudiada pelas centrais sindicais.
Para a CUT, a manutenção dos juros nesse patamar, a segunda maior taxa de juros reais do mundo, “sufoca a economia, encarece o crédito, trava investimentos e reduz investimentos em políticas públicas”.
Em nota, a central afirma que a taxa de juros em 15% “não se justifica diante da inflação controlada e da necessidade urgente de retomar o crescimento econômico com geração de emprego e renda”.
“Chega de penalizar quem produz e quem trabalha! Enquanto países como os Estados Unidos e os da Zona do Euro operam com juros entre 4% e 5%, o Brasil segue refém de uma política monetária que só favorece banqueiros e rentistas”, afirma a entidade.
Denunciando a submissão do Copom aos interesses do sistema financeiro, a nota da CUT ressalta que “reduzir a taxa Selic ajudaria o Brasil a resistir e enfrentar os impactos da insana taxação dos produtos brasileiros exportados para os EUA, o que seria uma importante demonstração do compromisso do Banco Central com os esforços do Governo Federal em defender a soberania nacional”.
“Lamentamos e consideramos absurdo manter a taxa em patamar tão elevado”, afirma a Força Sindical também em nota.
De acordo com o presidente da Força, Miguel Torres, os juros altos favorecem apenas os especuladores em detrimento dos trabalhadores. A entidade afirma que “o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade de aproveitar o encolhimento da demanda mundial para fazer uma drástica redução na taxa de juros, que poderia funcionar como um estímulo para a criação de novos empregos e para o aumento da produção no país”.
Adilson Araújo, presidente da CTB, destaca que, “só em 2024, mais de R$ 1 trilhão foi drenado dos cofres públicos para pagar juros da dívida”. “Esse é o verdadeiro objetivo por trás do discurso de ‘combater a inflação’. Não é uma decisão técnica — é um projeto político a serviço da aristocracia financeira”, afirma.
“O Banco Central diz que tem que manter a taxa de juros alta para controlar a inflação. Mas a Selic não é o único instrumento de controle de preços e nem funciona para os tipos de inflação que o Brasil enfrenta. O que a Selic elevada faz é manter o Brasil na liderança do ranking com os maiores juros do mundo, penalizando a população”, destaca a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.
Fonte: https://horadopovo.com.br/manutencao-da-selic-a-15-e-absurda-e-sufocante-criticam-centrais/