Metalúrgicos de SP iniciam campanha salarial e defendem aumento acima da inflação

Os metalúrgicos de São Paulo iniciam, nesta terça-feira (26), a Campanha Salarial da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, que representa cerca de 800 mil trabalhadores vinculados a 54 sindicatos em todo o estado. Na sede da entidade, dirigentes sindicais debateram o cenário econômico, político e trabalhista, além de elaborar uma pré-pauta com os pontos que serão negociados com mais de dez grupos patronais.

O assessor econômico do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, José Osmair Polisel, afirmou que a inflação medida pelo INPC/IBGE acumulada até o momento está estimada em 5,04%, e que a campanha busca não apenas a reposição dessas perdas, mas também a conquista de aumento real nos salários.

O economista Rodolfo Viana, do Dieese de Guarulhos, comentou que o impacto do chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros deve ser limitado, já que muitos produtos industriais são destinados ao mercado interno ou ao Mercosul, e apresentou dados positivos do setor metalúrgico, como o crescimento de 7,14% da indústria brasileira nos últimos 12 meses.

O presidente da Federação, Eliseu Silva Costa, declarou que, como em anos anteriores, os sindicatos enfrentarão resistência dos patrões, “que em geral não gostam de dividir sua riqueza com quem a produz”. No entanto, enfatizou que a atual conjuntura, marcada pelo “tarifaço” e motivações políticas adversas, torna ainda mais importante a luta por direitos. Já Miguel Torres, presidente da Força Sindical, alertou que esse cenário de tarifas sobre produtos brasileiros representa ameaça à soberania nacional e impacta diretamente os empregos e acordos com compradores internacionais.

Para Miguel, durante a campanha salarial o momento político também deve ser debatido nos locais de trabalho: “Precisamos ficar atentos: a ameaça à soberania do Brasil, por parte do governo Trump, taxando nossos produtos, afeta nosso emprego, afeta nossos acordos com países que compram do Brasil, prejudicando nossa economia.”