10 de setembro de 2025
Metroviários denunciam falta de manutenção após descarrilamento na linha privatizada
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Funcionários da ViaQuatro retiram passageiros de vagão que se soltou do trem após descarrilamento – Foto: Reprodução/X

O descarrilamento de um trem ocorrido na última terça-feira (9) foi o primeiro na história da Linha 4-Amarela, que teve a operação comercial iniciada há mais de 15 anos, em junho de 2010, já privatizada. A Concessionária ViaQuatro obteve a concessão da linha pelo período de 30 anos no mínimo.

Vídeos feitos por passageiros mostram o desespero e a tensão vividos dentro do túnel após o ocorrido. Nas gravações, é possível ouvir a angústia de quem não sabia como agir. 

Um segurança aparece perguntando se havia feridos e pede que todos permanecessem sentados. Em meio ao medo, um funcionário tenta tranquilizar: “não vem nenhum trem”. 

Pouco depois, os passageiros foram orientados a desembarcar e caminhar pelos trilhos no escuro até retornarem à estação Vila Sônia. Algumas pessoas demonstraram medo de sair da composição.

Por conta desse caos, a circulação ficou suspensa entre as estações Vila Sônia e Paulista nesta quarta-feira (10). Para atender os usuários, foi acionado o Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência (Paese), que disponibilizou ônibus gratuitos no trecho afetado. 

Entre as estações Luz e Paulista, a operação da Linha 4-Amarela segue normal. 

SEM DATA DE RETORNO

A circulação dos trens da Linha 4-Amarela segue ainda sem prazo para normalização, segundo afirmou a concessionária nesta quarta-feira (10). Durante o descarrilamento, um equipamento de sinalização de via foi danificado. O dispositivo precisará ser substituído e, como vem da França, não há previsão para que o reparo seja concluído.

A Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro) criticou o episódio em que um trem da Linha 4-Amarela causou o caos no metrô de São Paulo. Em nota, a entidade questionou “se houve falha de manutenção como causa ou consequência do acidente”.

Para Alan Santana, vice-presidente da federação, o rompimento do trem e os trilhos danificados levantam dúvidas sobre as responsabilidades da empresa privada pelo ocorrido. Imagens registradas nas redes sociais mostram trilhos danificados no trecho afetado e passageiros assustados no interior do trem que descarrilou.

Mesmo sem registros de feridos, Santana destaca que o incidente expõe os riscos da privatização do Metrô. Ele afirma que a ausência de um operador na cabine do trem, característica da automatizada Linha 4-Amarela, “também deve ser questionada, pois poderia ter evitado o pior”.

“A população exige apuração profunda e transparente, para que se conheça a causa concreta. O que se vê é que, em apenas 15 anos de operação, a ‘linha modelo’ já apresenta desgaste grave e superlotação, evidenciando que a lógica da concessão não prioriza a segurança, mas o lucro”, afirmou Santana.

Fonte: https://horadopovo.com.br/metroviarios-denunciam-falta-de-manutencao-apos-descarrilamento-na-linha-privatizada-do-metro/