
Dois homens foram mortos a tiros de fuzil nas proximidades do metrô de Irajá, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Outro homem ficou ferido.Segundo a Polícia Militar, as vítimas eram pessoas em situação de rua que dormiam sob a marquise da estação, na Avenida Pastor Martin Luther King Júnior.
O ataque ocorreu na madrugada por volta das 4h, quando um carro parou na frente dos sem-teto, e os ocupantes abriram fogo. Ainda não se sabe a motivação do crime.
Uma equipe do 41º BPM (Irajá) foi acionada e já encontrou dois mortos. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML). O ferido foi socorrido em estado grave pelos bombeiros. Foram tantos disparos que cápsulas ficaram pelo chão, e um tiro atravessou a janela de uma casa e parou na televisão, ninguém na residência foi ferido. A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso.
Ao jornal ‘O Dia’, moradores da região que preferiram não se identificar falaram sobre um dos mortos, que era chamado de “Bahia”, e sofria com sequelas de um AVC. Eles afirmaram que a vítima era conhecida de moradores da região e não tinha desavenças com ninguém. Segundo relatos, o homem costumava pedir dinheiro para motoristas no sinal.
“Eu conhecia ele antes dele virar morador em situação de rua, ele era cabeleireiro. Ele cortava o cabelo da minha mãe, que tinha alzheimer. Ia lá em casa cortar o cabelo dela lá. Já tem bastante tempo que ele está nas ruas. Ele teve um AVC e tem problemas com drogas. Era casado, mas a esposa largou ele e voltou para Salvador. Dois dias atrás eu ainda passei aqui e conversei com ele pra saber se estava precisando de um colchão”, lamentou o homem.
Um integrante do Movimento Afro Cultural Batikum Ilu Odara contou que “Bahia” era presente em ações do grupo. Luccas Xaxara disse que a vítima havia sido percussionista em Salvador, mas que por conta das sequelas do AVC, participava dos ensaios cantando. “A gente toca percussão baiana e ele lembrava muito do território dele, porque ele era de Salvador. Teve um momento que a gente estava tocando e ele apareceu, começou a interagir com a gente. A gente começou a criar uma relação, todo ensaio ele aparecia. A gente já fez ação social de café da manhã com eles, nunca tivemos nenhum problema, pelo contrário, eles sempre apoiaram o projeto, sempre participaram”.
Os dois homens mortos ainda não foram identificados. Uma mulher chegou a ir até o local na manhã desta sexta, por acreditar que uma das vítimas pode ser seu ex-marido, com quem tem quatro filhos. “Ele era morador de rua, um tempo estava aqui, um tempo estava em outro local. De vez em quando ele ia na minha casa ver os filhos, visitar os netos. Ele era estofador e técnico de eletrônica, mas se envolveu nesse mundo de porcaria, se afundou e veio morar na rua”, desabafou.
Fonte: https://horadopovo.com.br/moradores-de-rua-sao-executados-a-tiros-de-fuzil-na-zona-norte-do-rio-de-janeiro/