Paciente morre em Olinda após hospital negar atendimento por suspeita de aborto

A chef de cozinha Paloma Alves Moura, 46 anos, faleceu no dia 8 de outubro no Hospital e Maternidade Tricentenário, em Olinda, após apresentar sangramento intenso durante o período em que aguardava atendimento médico. Amigas que a acompanhavam acusam o centro de saúde de negligência, tendo postergado exames sob suspeita de aborto.

De acordo com relatos de amigas que a acompanhavam, o sangramento foi tão intenso que encharcou três lençóis. Elas afirmaram que tentaram acelerar o atendimento, informando aos profissionais de saúde que Paloma tinha histórico de mioma uterino.

“Ao longo do dia, foram usados mais de três lençóis, todos completamente encharcados de sangue”, relatou sua amiga Thaís Leal, que a acompanhava. Sem atendimento adequado para a gravidade de sua situação, teve uma parada cardiorrespiratória e morreu naquele mesmo dia.

Testemunhas relataram que a equipe médica condicionou o atendimento prioritário à realização de exame de beta HCG, utilizado para detectar gravidez. As amigas da paciente informaram aos profissionais que Paloma não estava grávida.

O falecimento ocorreu após a paciente sofrer uma parada cardiorrespiratória no final do dia. Segundo o laudo médico, a causa da morte foi hemorragia ovariana associada à anemia.

Na terça-feira (14), um grupo de mulheres realizou manifestação em frente à unidade hospitalar, portando cartazes com mensagens que questionavam as circunstâncias do óbito. O caso está sendo apurado pela Justiça.

No protesto, os cartazes traziam frases como “basta de violência obstétrica”, “quantas mais irão morrer?”, “poderia ser qualquer uma de nós” e a provocação “e se fosse aborto, Paloma merecia morrer?”.

O Hospital e Maternidade Tricentenário, que integra a Unidade da Santa Cruz da Congregação Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, informa em seu site que 100% de seus atendimentos são destinados a pacientes do SUS.

A direção do hospital não se manifestou sobre o caso.