9 de outubro de 2025
PF investiga se metanol contrabandeado pelo PCC foi usado para
Compartilhe:

A Polícia Federal (PF) investiga se o metanol abandonado depois da operação Carbono Oculto, que mirou o crime organizado no setor de combustíveis, foi usado para adulterar bebidas alcoólicas no Brasil. A informação foi divulgada na última terça-feira (7) pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante reunião com representantes do setor de bebidas em Brasília.

Na ocasião, o ministro anunciou a criação de um comitê nacional para discutir os casos de intoxicação por metanol. 

“Todos sabem que recentemente tivemos uma enorme ação de combate à infiltração de crime organizado na área de combustíveis. Muitos caminhões e tanques de metanol foram abandonados depois da operação. Essa é uma hipótese que está sendo estudada, trilhada, acalentada pela PF”, disse.

Lewandowski afirmou que as estratégias de combate dependerão da origem identificada do produto. “Se esta é uma origem do metanol que está adulterando as bebidas, então a atuação repressiva será numa direção. Se tiver origem a partir de produtos agrícolas, a repressão terá outros alvos”, disse.

O Ministério da Justiça já notificou 15 estabelecimentos para apresentarem informações sobre a origem das bebidas comercializadas. Outros 15 locais serão notificados com o mesmo objetivo.

Participaram da reunião representantes da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP) e da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).

Na segunda-feira (6), o governo de São Paulo afirmou que o Estado contabiliza 15 casos confirmados, com duas mortes (homens de 54 e 46 anos, residentes da capital). Há ainda 164 casos em investigação, incluindo 6 mortes suspeitas: 3 na cidade de São Paulo (36, 45 e 50 anos), duas em São Bernardo do Campo (49 e 58 anos) e uma em Cajuru (26 anos). Todas as mortes em investigação e confirmadas são de homens.

São Paulo concentra 82,49% dos casos. O Paraná tem 2 casos confirmados e 4 em análise. Bahia, Distrito Federal e Mato Grosso descartaram os casos que estavam sob investigação.

As suspeitas (que precisam de um laudo para serem confirmadas) estão divididas da seguinte forma: Pernambuco – 10 casos; Mato Grosso do Sul – 5 casos; Ceará – 3 casos; Goiás – 3 casos; Piauí – 3 casos; Rio Grande do Sul – 2 casos; Acre – 1 caso; Espírito Santo – 1 caso; Minas Gerais – 1 caso; Paraíba – 1 caso; Rio de Janeiro – 1 caso; Rondônia – 1 caso.

METANOL ADICIONADO

O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo afirmou que a perícia em dois grupos de garrafas de bebidas alcoólicas destiladas, apreendidas em fiscalizações na capital paulista, apontou que as concentrações de metanol encontradas indicam que a substância foi adicionada, não sendo produto da destilação natural.

Questionado, o instituto não divulgou a quantidade de garrafas analisadas nesses dois grupos nem os tipos de bebida. Os locais em que as garrafas foram apreendidas também não foram informados.

“Até o momento, dois grupos de produtos periciados apresentaram resultado positivo para metanol, em volume acima do permitido pela legislação. Os laudos foram encaminhados à Polícia Civil para subsidiar as investigações e o esclarecimento dos fatos”, afirmou o órgão em nota nesta terça-feira (7).

“O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo trabalha 24h nas perícias de constatação e concentração das amostras apresentadas pela Polícia Civil, assim como na análise documentoscópica de rótulos e lacres dos recipientes. Pode-se afirmar, até o momento, e de acordo com as concentrações encontradas, que o metanol foi adicionado, não sendo, portanto, produto de destilação natural”, complementou.

Na última sexta-feira (3), o Instituto de Criminalística criou uma força-tarefa para analisar as garrafas apreendidas durante fiscalizações para apurar a adulteração e contaminação por metanol. Segundo o último boletim divulgado pelo governo de SP, 16 mil garrafas foram apreendidas desde o dia 29.

O processo de análise inclui a checagem inicial das embalagens para verificar se houve rompimento ou indícios de reaproveitamento. Depois, o material vai para o processamento em equipamentos que separam os componentes da bebida alcoólica.

Somente o laudo final confirma se há presença de metanol na bebida e em qual quantidade a substância se apresenta.

Fonte: https://horadopovo.com.br/pf-investiga-se-metanol-contrabandeado-pelo-pcc-foi-usado-para-adulterar-bebidas/