2 de setembro de 2025
Policial penal é preso por atirar em entregador que se
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No último domingo (31), a polícia do Rio prendeu o policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, que atirou no pé do entregador do iFood Valério Júnior. A vítima se recusou a subir no apartamento para entregar um lanche na noite da última sexta-feira (29), em Jacarepaguá, bairro da zona oeste. 

O cumprimento do mandado de prisão temporária de Ferrarini foi expedido pelo Plantão Judiciário, do Tribunal de Justiça (TJRJ). A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) afastou o agente. 

O entregador gravou toda a discussão, inclusive o momento do disparo. “Você não subir é uma parada!”, disse o agente segundos antes de apertar o gatilho. “Bora, me dá minha parada!”, exige o policial. “Tá me filmando por quê, p*rra!?”, pergunta o agente. 

Já com o pé ensanguentado, o entregador suplica: “Eu moro aqui, cara! Eu sou morador, cara!”. O projétil ficou alojado no pé direito de Valério Júnior que ainda não sabe quando poderá voltar a trabalhar. Segundo a política do iFood, o entregador não é obrigado a subir até o apartamento dos clientes.

Ferrarini alegou em depoimento que o disparo havia sido acidental. A versão foi questionada pelo delegado da 32ª DP (Taquara) Marcos Buss. “Uma pessoa que aponta uma arma de fogo para outra, seja em qualquer parte do corpo, e puxa o gatilho no mínimo assume o risco de causar a morte”, declarou o delegado em entrevista concedida à TV Globo.

Em nota, o iFood lamentou o ocorrido com Valério e afirmou que vai disponibilizar suporte social, apoio jurídico e psicológico, “oferecido em parceria com a organização de advogadas negras Black Sisters in Law, garantindo acesso à justiça e assistência emocional ao parceiro”. 

A empresa esclareceu que “a obrigação do entregador é deixar o pedido no primeiro ponto de contato, seja o portão da casa ou a portaria do prédio”; e que desde 2024 a campanha “Bora Descer” incentiva os clientes a irem até a portaria de seus condomínios para receber os pedidos de delivery.

Também em nota, a Seap informou que afastou Ferrarini por 90 dias e avaliou a conduta do servidor como “abominante”. Um processo administrativo disciplinar foi aberto. 

“A Polícia Penal não compactua em hipótese alguma com atitude como essa, atitude repugnante e que não representa a grande maioria dos policiais penais do Rio de Janeiro”, declarou a secretária Maria Rosa Nebel. “A corregedoria da Seap está acompanhando o caso junto à delegacia de polícia, e nos solidarizamos com o entregador Valério Júnior”, emendou.

Fonte: https://horadopovo.com.br/policial-penal-e-preso-por-atirar-em-entregador-que-se-negou-a-subir-no-apartamento-no-rio/