Uma mancha preta que atingiu o mar de Mongaguá, no litoral de São Paulo, chamou a atenção de moradores e banhistas nos últimos dias, levantando preocupações sobre possível contaminação da água e provocando uma resposta imediata da prefeitura.
O material escuro, que se espalhou pela região próxima ao Canal 2, ponto onde desemboca o rio Bichoró, exalava um odor forte e desagradável, semelhante ao de esgoto, segundo relatos de quem esteve no local. Em razão do episódio, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), privatizada pelo governo Tarcísio, foi multada em R$ 3.702 por dia até que a situação seja totalmente esclarecida e resolvida.
Imagens registradas por moradores mostram a água escura fluindo do canal diretamente para o mar, justamente em uma das áreas mais movimentadas da orla, ainda mais com a aproximação do feriado da Consciência Negra, quando Mongaguá se prepara para receber milhares de visitantes.
De acordo com a prefeitura, o Canal 2 recebe tanto a água tratada da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Sabesp quanto o volume que vem dos canais pluviais. Em dias de chuva forte, como na segunda-feira (17), é comum que o rio apresenta uma coloração mais escura por conta do acúmulo de sedimentos, areia e matéria orgânica.
Segundo a administração municipal, o odor característico de esgoto percebido por moradores e por equipes de fiscalização que estiveram no local na terça-feira (18) não condiz com esse comportamento habitual, indicando a possibilidade de ligações clandestinas de esgoto na rede pluvial, extravasamento da rede coletora ou acúmulo de sedimentos contaminados no leito dos canais.
A prefeitura informou que a multa aplicada à Sabesp se deve a uma infração sanitária relacionada ao lançamento de esgoto sem tratamento nas praias da cidade. Além disso, a gestão municipal acionou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para auxiliar nas análises e declarou que estuda aumentar o valor da penalidade, considerando que o problema também envolve o descarte irregular de resíduos nas águas. A nota oficial da administração afirma ainda que o Ministério Público deverá ser acionado diante da gravidade dos impactos ambientais e sociais associados ao episódio.
A Sabesp, por sua vez, afirmou que não recebeu denúncias em seus canais de atendimento e atribuiu a alteração na coloração da água ao arraste de sedimentos e poluição urbana causado pelas fortes chuvas, fenômeno que, segundo a companhia, é comum em regiões de deságue após grandes pancadas de chuva. A empresa não respondeu às demandas específicas da reportagem sobre o odor relatado e sobre as suspeitas levantadas pela prefeitura até a última atualização desta matéria.
Fonte: https://horadopovo.com.br/prefeitura-de-mongagua-multa-privatizada-sabesp-apos-despejo-de-esgoto-na-praia/
