
Publicado por Teresa Cristina
| Data da Publicação 19/03/2025 10:36
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As grandes crateras formadas pelas erosões do solo têm se tornado uma preocupação para a população do centro urbano de Buriticupu e entorno.
Geograficamente localizada na região oeste do estado do Maranhão (Amazônia Legal Brasileira), a cidade distante aproximadamente 220 quilômetros de Imperatriz-MA, apresenta voçorocas que medem mais de 100 metros de profundidade.
Diante deste cenário, um grupo de professores da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul), está desenvolvendo, em parceria com pesquisadores de outras instituições públicas de ensino superior do Maranhão, dos estados de Goiás, Rio de Janeiro, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e pesquisadores do exterior, um projeto de mapeamento detalhado que tem como objetivos diagnosticar com uso de geotecnologias, propor soluções eficientes e monitorar as áreas afetadas, além de mitigar o surgimento de novas erosões, com o apoio de recursos do Governo do Federal e Estadual.
Professores da UEMASUL reuniram-se com representantes da prefeitura, Governo do Estado, IFMA e UFMA com o objetivo de desenvolver soluções técnicas. (Foto: Divulgação)
O esboço do projeto inicial foi apresentado em uma reunião realizada em Brasília (DF) com a presença do governador do Maranhão, Carlos Brandão; do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes; do prefeito de Buriticupu, João Carlos Teixeira. Foi o primeiro passo para o desenvolvimento dos trabalhos pelos professores e pesquisadores envolvidos. O mapeamento diagnóstico servirá de base para a contratação de empresas especializadas para realização dos serviços de recuperação das áreas afetadas.
O ministro ressaltou a importância da realização de um estudo aprofundado no local para futuras soluções. “A decisão que nós tomamos foi procurar a universidade, que tem experiência em estudos necessários para estabelecer um bom diagnóstico e um termo de referência adequado para a contratação de uma empresa que possa apresentar um projeto eficiente de solução dos problemas das quatro voçorocas mais desafiadoras já existentes em Buriticupu. Precisamos de projetos nos quais possamos ter confiança e segurança”, explicou Waldez.
A participação da Uemasul, que já tem histórico de estudos na região, não terá apenas uma abordagem científica, será uma oportunidade de valorizar as pesquisas realizadas por profissionais locais que possuem conhecimento sobre o assunto.
“A Uemasul com seu aparato técnico de profissionais e professores entra com uma grande participação junto a Buriticupu, para que some com a elaboração de um plano diretor, um estudo de projetos que venham viabilizar a forma técnica correta da aplicação de recursos públicos e a solução dessa problemática vivida aqui”, destacou o prefeito João Carlos Teixeira.
O projeto será dividido em três etapas: planejamento integrado aos órgãos federais, estaduais e municipais; proposta de mapeamento diagnóstico, indicação de intervenção e monitoramento contínuo, uma vez que a cidade está localizada em um local sensível em termos de fatores geográficos locais (topografia).
O coordenador do projeto, professor Josué Viegas, explicou a importância da realização do mapeamento. “Vários fatores precisam estar associados para saber se os locais vão ter ou não erosão, é preciso uma análise sistêmica para entender as partes com o fim de compreender o todo. Nosso projeto se baseia no mapeamento diagnóstico. Por exemplo: se temos um problema de saúde, eu procuro o médico e esse médico vai dizer qual o melhor diagnóstico e tratamento para solucionar a problemática. Esse é o caso de Buriticupu, fomos os especialistas procurados para fazer esse diagnóstico”.
Com mais de 70 metros de profundidade, as voçorocas são fenômenos geológicos causados pela chuva, formando grandes crateras no solo. (Foto: Divulgação)
Voçorocas
Ao chover, parte da água penetra no solo por meio das raízes das plantas e árvores. Em ambiente tropical de clima quente e úmido, quando esse processo não acontece corretamente, as chuvas desgastam e removem as partículas do solo, formando pequenos micros canais, que evoluem para ravinas e em algumas áreas chegam ao estágio final que são as voçorocas. Esse é o processo de surgimento das voçorocas que vem ameaçando a realidade dos 35 mil moradores da cidade de Buriticupu, que já convivem com a situação há mais de cinco décadas.
O termo voçoroca tem origem do Tupi-guarani, é conhecido como “boçoroca”, “Ibi-Çoroc”, e significa “terra rasgada”. As voçorocas são um fenômeno que embora natural, pode ser intensificado pela combinação entre chuvas intensas, topografia local, desmatamento de encostas e falta de drenagem adequada, que agravam a situação das regiões propícias as erosões.
Em fevereiro de 2025, devido ao agravamento das erosões, casas e ruas foram atingidas, e a prefeitura de Buriticupu decretou estado de calamidade pública. Mas essa não foi a primeira medida para reverter o problema. Em 2024, o Governo Federal destinou recursos para a realização de ações da defesa civil e projetos de drenagem na região, no entanto, apesar do investimento, as ravinas continuaram a ameaçar a segurança da população local. Esses acontecimentos deixaram evidente a necessidade de um mapeamento detalhado da região pelos pesquisadores envolvidos no projeto.
Fonte: https://centraldenoticiasbrasil.com/cidades/professores-de-universidades-coordenam-projeto-de-diagnostico-das-vocorocas.html