Professores, profissionais da educação e estudantes realizaram manifestações em Curitiba e em vários municípios do Paraná, na quarta-feira (5), em protestos contra a privatização e militarização das escolas no estado.
Nos atos, convocados pela APP-Sindicato, os educadores e estudantes denunciaram os planos do governo Ratinho Jr. (PSD) de expandir os programas de privatização das escolas estaduais e a falta de transparência na gestão pública da educação. A maior manifestação aconteceu em frente à Secretaria de Estado da Educação (Seed), em Curitiba. Durante o protesto, uma comissão do sindicato se reuniu com representantes da pasta para exigir a suspensão das novas consultas sobre o tema.
“A Seed confirmou que vai publicar, nos próximos dias, a resolução de privatização em escolas que já disseram não. Vamos defender a escola pública com gestão pública e dizer não mais uma vez, se é isso que querem ouvir”, afirmou a presidente da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto.
A entidade também entregou uma carta às chefias regionais de Educação com reivindicações da categoria e iniciou um abaixo-assinado em defesa da escola pública, sem privatizações e sem interferência militar.
A associação denuncia que com o modelo de gestão de Ratinho Júnior, aprovado em 2024, sem diálogo com educadores ou a população, além das 82 já escolas privatizadas, cerca de 150 estão sob ameaça: 50 podem ser submetidas a consultas sobre o modelo cívico-militar e 97 correm risco de privatização.
A ofensiva do programa, denominado Parceiro da Escola (PPE), ocorre “em meio a uma série de denúncias sobre irregularidades e problemas em escolas que já aderiram ao programa”, afirma a entidade.
Conforme a APP-Sindicato, entre as denúncias mais recentes estão casos de assédio moral e precarização das condições de trabalho. A associação cita o caso de Maringá, em que “uma professora contratada por empresa terceirizada teria tentado suicídio após sofrer assédio da direção”, e denúncias de famílias que relatam falta de funcionários, merenda de baixa qualidade e problemas de limpeza em escolas como os colégios Maria Montessori e Natália Reginato.
Sobre a ausência de controle sobre os recursos públicos da Educação, Walkiria Mazeto afirma: “Hoje são 82 escolas privatizadas, e ninguém sabe onde o dinheiro está sendo gasto. Quando a gestão é pública, a comunidade fiscaliza cada real. Agora, não há prestação de contas. Por isso estamos aqui, defendendo que a escola pública continue com gestão pública”, destaca Walkiria.
A entidade também critica o programa Cívico-Militar, que funciona com militares aposentados sem preparo e sem formação pedagógica adequada para lidar com os estudantes.
“A escola é um espaço pedagógico, e o trabalho educativo deve ser conduzido por profissionais da educação. Esses programas distorcem o papel da escola e ampliam a violência”, afirmou Margleyse Santos, secretária de Administração e Patrimônio da APP-Sindicato.
Tanto o programa Parceiro da Escola quanto o Cívico-Militar estão sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF), que avalia questionamentos sobre a legalidade e constitucionalidade das medidas. Pareceres do Ministério Público e da Advocacia-Geral da União já se manifestaram contra as ações do governo paranaense.
Fonte: https://horadopovo.com.br/professores-do-pr-repudiam-plano-do-governo-de-expandir-privatizacao-de-escolas/
