O homem suspeito de matar Maria Katiane Gomes da Silva arremessando-a do 10º andar de um edifício na Zona Sul de São Paulo, em 29 de novembro, já tinha “longa” ficha criminal. Entre as passagens pela polícia, a primeira delas ocorreu em 2003, quando Alex Leandro Bispo dos Santos participou do sequestro-relâmpago de um sobrinho de Eduardo Suplicy, atual deputado estadual e, à época, senador pelo estado de SP.
Fontes ligadas à segurança pública do estado confirmaram que Santos participou do sequestro de Roberto Calmon de Barros Barreto Filho, abordado por criminosos na região de Jardins, em outubro de 2003. Santos e uma cúmplice adolescente foram acusados de manter a vítima sob a mira de uma arma e exigir cartão bancário e senha dela. Na época, ele foi flagrado por seguranças de um estabelecimento comercial e, mais tarde, condenado a seis anos e quatro meses de prisão.
Outros registros policiais atribuem a Santos crimes como roubo e falsidade ideológica. Imagens de câmeras de segurança encontradas pela Polícia Civil foram cruciais para a prisão, nesta terça-feira (9), de Alex Santos, pelo novo caso. O material contradisse a versão inicial do investigado e expôs cenas de violência minutos antes da morte de Maria Katiane.
O circuito interno do condomínio registrou uma sequência de ataques físicos e psicológicos. Inicialmente, no estacionamento, o homem é flagrado desferindo socos contra a companheira. A violência continua no elevador, onde as imagens mostram uma discussão acalorada seguida por tentativas do agressor de agarrar o pescoço da vítima.
LIGAÇÃO BOLSONARISTA
Alex Leandro Bispo dos Santos movimentou R$ 12 milhões em contratos firmados com o Instituto Conhecer Brasil (ICB), organização presidida por Karina Pereira da Gama, produtora executiva do filme “Dark Horse”, cinebiografia de Jair Bolsonaro. As informações são do Metrópoles.
O valor repassado à empresa de Alex, a Favela Conectada, tem relação com um contrato de R$ 108 milhões firmado pelo ICB com a prefeitura de São Paulo, na gestão Ricardo Nunes (MDB), para instalar e manter 5 mil pontos de wi-fi gratuito em regiões de baixa renda.
A contratação, realizada em junho do ano passado, é alvo de questionamentos do Tribunal de Contas do Município (TCM), que apontou ao menos 20 irregularidades no edital, incluindo critérios genéricos para a escolha de uma ONG como executora do serviço, apesar de a Prodam, empresa pública especializada no setor, já oferecer solução semelhante por valores significativamente menores.
Pelos termos da prefeitura, o ICB recebeu R$ 1.800 por ponto instalado e mais R$ 1.800 por mês para manutenção, valores muito superiores aos praticados pela Prodam, que cobra cerca de R$ 306 mensais para manter esse tipo de serviço funcionando. O plano inicial previa que as instalações começassem em janeiro de 2025, mas o cronograma foi alterado a pedido da própria gestão municipal, permitindo que os trabalhos tivessem início já em setembro, em pleno período eleitoral. Até junho deste ano, segundo o ICB, 3.200 pontos estavam em operação.
FEMINICÍDIO
Imagens de câmeras de segurança encontradas pela Polícia Civil foram cruciais para a prisão, nesta terça-feira (9), de Alex Santos, pelo novo caso. O material contradisse a versão inicial do investigado e expôs cenas de violência minutos antes da morte de Maria Katiane.
O circuito interno do condomínio registrou uma sequência de ataques físicos e psicológicos. Inicialmente, no estacionamento, o homem é flagrado desferindo socos contra a companheira. A violência continua no elevador, onde as imagens mostram uma discussão acalorada seguida por tentativas do agressor de agarrar o pescoço da vítima.
Em outro momento, Alex arranca Maria Katiane do interior da cabine de forma violenta; ela tenta resistir, segurando-se nas portas, mas é superada pela força física do marido. Cerca de um minuto depois, o suspeito retorna sozinho ao elevador, senta-se no chão e leva as mãos à cabeça, mostrando desespero.
O caso, ocorrido em 29 de novembro, foi inicialmente tratado pelas autoridades como morte suspeita. Na ocasião, vizinhos acionaram a Polícia Militar e o Samu após escutarem gritos seguidos pelo estrondo do impacto no solo. Ao chegarem ao local, os agentes encontraram Alex abraçado ao corpo da esposa, alegando que ela havia tirado a própria vida após uma briga conjugal.
Contudo, a narrativa de suicídio não se sustentou durante a investigação do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e do 89º Distrito Policial (Jardim Taboão). Além das imagens das áreas comuns, a perícia analisou gravações de câmeras instaladas dentro do apartamento do casal e encontrou inconsistências nos depoimentos. Diante do conjunto de provas, a Justiça decretou a prisão temporária de Alex, que agora responde por feminicídio consumado.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que as investigações seguem em andamento pelo 89º DP, que requisitou exames periciais e realiza outras diligências para o completo esclarecimento dos fatos.
Fonte: https://horadopovo.com.br/suspeito-de-jogar-esposa-do-10o-andar-ja-foi-preso-por-sequestro-e-ligado-a-produtora-bolsonarista/
