7 de novembro de 2025
Tarcísio não aprendeu com pandemia e quer fechar fábrica de
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Governador se aproxima cada vez mais do negacionismo de Bolsonaro, diz sindicato. FURP produziu mais de 370 milhões de medicamentos nos últimos 12 meses

O Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do Estado de São Paulo (SindSaúde-SP) denunciou o projeto de lei complementar (PLC) 49/2025, enviado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Assembleia Legislativa, que propõe o fechamento da Fundação para o Remédio Popular (FURP) e a transferência de seus ativos para a Secretaria de Estado da Saúde e o Instituto Butantan. A entidade afirma que a medida colocará em risco a produção e distribuição de medicamentos essenciais fornecidos gratuitamente à população paulista.

O sindicato critica duramente a iniciativa, afirmando que o governador “cada vez mais se aproxima de seu mentor, o ex-presidente condenado à prisão, Jair Bolsonaro (PL)”. Segundo a nota, “enquanto o segundo foi fundamental para o Brasil atingir 700 mil mortes por Covid-19, em março de 2023, por conta do negacionismo das vacinas como instrumentos de imunização, o governador paulista se prepara para acabar com um patrimônio paulista responsável pelo fornecimento de medicamentos gratuitos à população”.

A FURP desempenha um papel estratégico na política de saúde pública estadual. A nota detalha que “a fundação é responsável por fornecer anti-hipertensivos, antibióticos, remédios para HIV, tuberculose e imunossupressores, anti-inflamatórios, hipoglicemiantes e medicamentos para saúde mental, além de produtos amplamente usados em programas públicos como o Dose Certa e a Farmácia Popular”. Entre setembro de 2024 e junho de 2025, “a FURP encaminhou mais de 100 tipos de produtos distribuídos a mais de 370 milhões de unidades farmacotécnicas usadas nas unidades das Farmácias Dose Certa”.

A nota também enfatiza o impacto da proposta para o futuro do acesso à saúde gratuita no estado: “o projeto é uma bomba para a população e apresenta problemas que vão desde a ausência de informações sobre onde o governo estadual compraria os remédios necessários para a população e o custo dessas aquisições”. Além disso, o sindicato alerta para a incompatibilidade da fusão com o Instituto Butantan, já que “ambas as fundações atuam em frentes diferentes”.

Outra preocupação central levantada pelo SindSaúde-SP é o possível favorecimento de interesses privados. “A unidade de Guarulhos, por exemplo, um imóvel com 40 mil m² de área construída deve ser vendido, e está localizado numa região de intensa especulação imobiliária, já que nas imediações será construída a estação Itapegica da Linha 19-Celeste”, afirma a nota. “Além disso, a sede de Américo Brasiliense deve ser negociada”.

O sindicato resgata ainda que a tentativa de extinguir a fundação não é novidade: “Não é a primeira vez que um governo privatista quer acabar com a FURP, João Dória já havia tentado fazer o mesmo e nossa luta na Alesp impediu que ela, o Instituto Butantã e a Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP) entrasse no pacote”.

Para reforçar o perigo desse tipo de política, o texto relembra o desmonte da Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN): “Por conta disso, houve a explosão de casos de dengue, em 2025, com 844 mil casos registrados e mais 1 mil mortes”.

Além de fazer o contraponto, o sindicato também valoriza o papel histórico do Instituto Butantan: “Foi fundamental na resistência ao negacionismo de Bolsonaro e aliados, ao trabalhar na produção de vacinas para combater a Covid e derrubar o número de contaminações e mortes”. E conclui em tom de alerta: “Sorte nossa, povo paulista, que Tarcísio ainda não era governador. Pelos sinais que vemos, não teríamos esse equipamento fundamental de resistência”.

No fim da nota, o SindSaúde-SP conclama os deputados a rejeitarem o projeto: “cobrará o compromisso de parlamentares para votarem contra esse projeto e impedirem que um equipamento essencial ao povo paulista não seja destruído. Que possamos ter aprendido com nossos erros porque quem não aprende com a história, tende a replicar os prejuízos”.

Fonte: https://horadopovo.com.br/tarcisio-nao-aprendeu-nada-com-a-pandemia-e-quer-fechar-fabrica-de-remedios-gratuitos-denuncia-sindsaude-sp/