1 de outubro de 2025
Trabalhadores da Sabesp condenam redução de direitos em plano de
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O Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo) denunciou nesta terça-feira (30) que a empresa está reduzindo a cobertura dos plano de saúde garantida aos trabalhadores. Segundo a entidade, a proposta apresentada pela direção da empresa representa um ataque direto a um dos direitos mais importantes da categoria e marca mais um passo no processo de precarização acentuado após a privatização da companhia.

De acordo com o sindicato, o novo plano de saúde reduz coberturas, exclui hospitais de referência e promove diferenciação no atendimento entre trabalhadores de diferentes cargos, rompendo com o princípio da isonomia. Técnicos e operacionais, por exemplo, passariam a ter acesso a uma rede mais limitada do que os funcionários de nível universitário, divisão considerada inaceitável pelo Sintaema.

“O que está em curso é a destruição de um direito histórico, conquistado com décadas de luta coletiva. A Sabesp privatizada quer rebaixar o plano de saúde da categoria enquanto mantém privilégios para o alto escalão da empresa”, afirmou o presidente do sindicato, José Faggian.

Para os trabalhadores, o objetivo da empresa é apenas cortar custos em detrimento da saúde dos empregados, ampliando a margem de lucro para os novos acionistas. Enquanto isso, diretores e executivos da Sabesp continuam com acesso a planos de saúde de alto padrão, custeados com recursos públicos ou benefícios internos, aprofundando as desigualdades dentro da companhia.

A denúncia se torna ainda mais grave diante do vínculo direto entre o CEO da Sabesp, Carlos Piani, e o setor de planos de saúde. Piani é membro do conselho de administração da HapVida, uma das maiores operadoras do país, o que levanta suspeitas de conflito de interesses e favorecimento ao mercado privado em detrimento da saúde dos trabalhadores, aponta a entidade.

PRECARIZAÇÃO

Desde que a privatização da Sabesp começou a ser efetivada sob o governo Tarcísio de Freitas, o sindicato tem denunciado uma série de retrocessos: programas de demissão, terceirizações, desmonte de setores estratégicos e assédio moral contra trabalhadores.

De acordo com o Sintaema, mais de 4 mil postos de trabalho já foram extintos nos últimos anos, resultado de programas de desligamento forçado. Muitos trabalhadores relatam pressão velada para aderir a planos de demissão voluntária que, na prática, funcionam como demissões dirigidas. O sindicato denuncia ainda a crescente terceirização em áreas como atendimento, TI, jurídico e almoxarifado, reduzindo a qualidade do serviço e sobrecarregando os profissionais que permanecem.

ESTADO DE GREVE

Durante assembleia virtual realizada nesta terça (30), a categoria aprovou intensa mobilização contra os ataques. Uma nova assembleia foi convocada para o dia 6 de outubro, às 18h, e, caso a Sabesp não recue da proposta, os funcionários podem entrar em greve a partir da meia-noite do dia 7.

O sindicato também estuda medidas jurídicas, incluindo ação na Justiça do Trabalho e pedido de liminar para barrar os efeitos da proposta, mas reforça que nenhuma dessas ações substitui a mobilização coletiva.

“Estamos diante de um momento decisivo. Ou defendemos nossos direitos agora, ou aceitaremos a lógica da privatização avançar sobre o que resta da dignidade dos trabalhadores da Sabesp”, alertou a direção do Sintaema.

Fonte: https://horadopovo.com.br/trabalhadores-da-sabesp-condenam-reducao-de-direitos-em-plano-de-saude/