
Plataforma lotada na estação Barra Funda, que agora atende a cinco estações de trem e uma de metrô – Foto: Rafaela Araújo/Folhapress
Uma semana após o fim do serviço 710 da CPTM, paulistanos sofrem com plataforma superlotada, demora no desembarque e embarque e aumento de tempo de traslado para o trabalho.
O fim do serviço 710, na última quinta-feira (28), tem se mostrado um verdadeiro desastre no cotidiano do trabalhador paulistano e paulista. Ligando extremos da região metropolitana da capital, o serviço unia as linhas 7-Rubi e 10 Turquesa, ligando Rio Grande da Serra,na região do ABC, a sudoeste, a Jundiaí, noroeste da capital, através de 31 estações.
A mudança se deu pois o governo Tarcísio de Freitas (Republicano) privatizou a linha 7-Rubi que passou a ser gerida pela concessionária TIC Trens assumiu nesta segunda-feira (25), com supervisão da CPTM, a operação da Linha 7-Rubi. Com isso, o Serviço 710 (que unia as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa) foi encerrado, e a Linha 7-Rubi passou a operar apenas entre Jundiaí e Palmeiras-Barra Funda.
Agora, cerca de 200 mil usuários, segundo estimativa do sindicato da categoria, que saem das cidades da região metropolitana e dos bairros mais distantes da capital, como Pirituba, Perus, Vila Clarice e Jaraguá, ligados a linha 7-Rubi.
Com o fim do serviço 710, os passageiros também que embarcam pela Linha 7-Rubi não tem mais conexão com nenhuma linha do sistema, a única baldeação é na Barra Funda. Não há mais a ligação com a Linha 1-Azul do Metrô, a 4-Amarela na Luz e a Safira, no Brás, além da Linha 2-Verde, em Tamanduateí.
A estação, que já era ponto de partida da Linha 3-Vermelha do Metrô e do Expresso Aeroporto da CPTM, agora também recebe passageiros das linhas 7-Rubi , 10-Turquesa e 11-Coral, além destas linhas, a estação atende a Linha 8 – Diamante da Viamobilidade. Durante essa primeira semana foi frequente no noticiário matinal as notícias de superlotação e reclamações dos passageiros.
“Saio do Itaim Paulista, tenho que ir até o Brás. E a minha opção era pegar a Linha Direto até Perus. Só que agora tenho que descer lá, pegar um até a Barra Funda e agora fazer a baldeação. Ficou tudo mais complicado. Vou ter que acordar mais cedo e sair mais cedo de casa para conseguir chegar no horário no estágio. Vou perder pelo menos 25 minutos a mais do meu dia por isso”, contou Carla Gaia, estudante de Psicologia, ao G1.
“Moro em Francisco Morato. Eu fazia de Francisco Morato até a Luz, para depois pegar o metrô e ir para a estação São Joaquim. Só que agora tenho que descer na Barra Funda, pegar outro trem. Não ficou legal pra ninguém. Tudo lotado as escadas, os trens. Vou demorar pelo menos mais meia hora no meu trajeto todo dia”, afirmou o porteiro Fábio do Nascimento.
De acordo com a pesquisa da Rede Nossa São Paulo (RNSP) em parceria com o Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), “ Viver em SP 2024: Mobilidade Urbana”, tempo médio de deslocamento dos moradores de São Paulo para todas as atividades diárias é de 2h25. Para as pessoas que utilizam transporte público, nos seus diferentes modais, esse tempo é de 2h47, um aumento de 10 minutos em relação ao levantamento do ano passado; usuários de automóveis gastam, em média, 2h28 (18 minutos a menos do que em 2023).
Com a decisão do governo Tarcísio, o trabalhador que utiliza estas linhas gastará cerca de 1 hora a mais para fazer o mesmo trajeto. Mais tempo no transporte, menos tempo com a família e filhos, maior exposição ao estresse e ansiedade, e consequente adoecimento, ao enfrentar superlotação na Barra Funda. No caso das mulheres, ainda ficam mais expostas a importunações sexuais, infelizmente muito comuns nos transportes públicos superlotados.
Os únicos beneficiados parecem ser os donos da TIC TRENS, que deve assumir a operação integral em 26 de novembro, com concessão de 30 anos, quiçá o governador Tarcísio que já vislumbra ser candidato da extrema-direita para presidência. Seria essa uma busca por apoios financeiros para 2026?
Fonte: https://horadopovo.com.br/uma-semana-de-caos-privatizacao-e-fim-do-710-da-cptm-aumentam-tempo-de-embarque-em-ate-1-hora/