
Pesquisas e iniciativas desenvolvidas por universidades espalhadas pelo país para detecção de metanol são uma promessa de alento diante da crise da contaminação de bebidas.
Uma dessas iniciativas é do Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que, inclusive, está disponibilizando o exame de bebidas alcoólicas de forma gratuita aos interessados.
O professor de química Kahlil Salome, vice-coordenador do laboratório, explica que o equipamento de ressonância usado no teste funciona como nos exames clínicos de saúde. “Colocamos o líquido em um tubo. A análise é muito rápida. A gente consegue analisar uma amostra a cada cinco minutos”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.
Segundo o professor, para fazer a detecção, bastam algumas gotas da bebida (0,5 mililitro). “Quando a gente coloca a amostra no equipamento, ele devolve um gráfico. Tem várias linhas e uma dessas linhas é referente ao metanol”. Ele explica que o exame aponta não só a presença, mas também a quantidade inadequada ao consumo humano.
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) também desenvolveu pesquisa sobre detecção de metanol, que é capaz de identificar adulterações em bebidas destiladas. O método desenvolvido pelos pesquisadores da universidade, inclusive, foi patenteado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).
Outra instituição que também criou um método para identificar metanol em bebidas é a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). De acordo com os pesquisadores da Universidade, o método detecta adulterações com até 97% de precisão. Agora, os cientistas estão criando um canudo que muda de cor ao identificar contaminação.
“A gente está desenvolvendo uma solução em que vai ter um canudo impregnado com a substância química, que ao contato com o metanol, ela vai mudar de cor. Isso vai fazer com que o usuário também tenha uma segurança de, quando estiver consumindo a bebida, de que a bebida não tem o teor de metanol”, diz Nadja Oliveira, pró-reitora de pós-graduação da UEPB.
Outra iniciativa surgiu na Universidade de Brasília (UnB) em 2013, quando o químico Arilson Onésio Ferreira fazia o curso de mestrado. Ele conseguiu realizar a detecção de metanol a partir de reagentes. Esse exame deu tão certo que, atualmente, a empresa (Macofren) disponibiliza kits para empresas privadas e instituições governamentais.
Conforme o químico, o projeto da UnB “surgiu com um foco específico em trabalhar em combate às fraudes por metanol em combustíveis”. Ele conta que desde o início dos casos no Brasil, os pedidos para venda dos Kits não param, vindos especialmente de produtores de festas, casamentos e eventos.
Até sexta-feira (3), o Ministério da Saúde já havia confirmado pelo menos 113 registros de contaminação por metanol. Onze casos foram confirmados e 102 estão em investigação.
Fonte: https://horadopovo.com.br/universidades-publicas-oferecem-metodos-rapidos-para-detectar-metanol-em-bebidas/