17 de outubro de 2025
'Votei em você e me arrependo', desabafa eleitora sobre prefeito
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Na última segunda-feira (13), um vídeo, que viralizou e circula nas redes sociais, mostra uma servidora da Saúde Municipal de Cuiabá (MT) afirmando, durante um protesto na Praça Alencastro, que se arrependeu de ter votado no prefeito bolsonarista Abílio Brunini (PL).

A manifestação ocorreu em meio às discussões sobre uma possível greve dos profissionais da saúde da cidade, motivada pelo corte no adicional de insalubridade dos enfermeiros.

“Eu votei em você, porque eu não sou petista. Eu votei em você. Só que desde que você tá aí, só fala de lei. Mas a sua lei, hoje, faz com que a gente apanhe nos postos de saúde. Somos desprezados, porque você disse que dá todo aval para o paciente. Aí o paciente chega agredindo, dando tapa na cara da gente. Você falou de lei, mas nunca aprovou uma lei para nos proteger”, desabafou a servidora. Na manifestação, Abílio foi vaiado quando fez referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

INCOMPETÊNCIA

Após dez meses de mandato, o prefeito de Cuiabá, o bolsonarista Abílio Brunini, está próximo de anunciar o segundo decreto de calamidade financeira na cidade mato-grossense. O primeiro ocorreu ainda no início de 2025, três dias após assumir o cargo, sob pretexto de dívidas herdadas da gestão anterior, responsabilidade de Emanuel Pinheiro (MDB).

O prefeito, que, no início da gestão, já descartou pedir dinheiro ao governo Lula, agora diz buscar recursos junto à União para tentar solucionar os problemas da cidade. 

Conhecido pelos vídeos de viés bolsonarista e extremistas nas redes sociais, além das provações a parlamentares de esquerda quando foi deputado federal, o prefeito de Cuiabá colocou a administração municipal em uma grave crise financeira. 

Em declarações recentes, Abílio chegou a afirmar que “Cuiabá não precisa do dinheiro do governo Lula”. A última declaração do prefeito nesse sentido ocorreu há menos de um mês, em 18 de setembro. 

Na ocasião, Abilio afirmou: “O município de Cuiabá, enquanto eu estiver na frente da prefeitura, não se senta com o pessoal da esquerda, porque a gente não gosta de sentar com mentiroso”.

Na última semana, após o agravamento da crise financeira da gestão municipal, o discurso mudou e Abílio Brunini admitiu que pessoas ligadas à sua administração estão buscando recursos junto ao governo federal. 

“Quanto ao governo federal, nós temos diversas pessoas articulando para buscar projetos e tudo mais. Nós protocolamos pedidos do novo PAC em todos os processos. Foram liberadas 4 creches para nós. Mas nós protocolamos mais de 40 projetos, e os outros não foram aprovados”, afirmou o prefeito em entrevista à imprensa na semana passada.

Com isso, Abílio cogita a possibilidade de decretar calamidade financeira no município. A medida teria o objetivo de evitar o agravamento da situação fiscal da prefeitura, que, segundo estimativas, pode encerrar o ano com déficit de até R$ 364 milhões, sendo R$ 120 milhões somente na saúde. Ao todo a Prefeitura de Cuiabá acumula cerca de R$ 1 bilhão em déficit a curto prazo, de acordo com o gestor.

“Não está descartado [o decreto de calamidade], o que a gente está fazendo é uma contenção de despesas, tentando encaixar dentro do nosso orçamento aquilo que for possível. Sabidamente não vai fechar no zero a zero no final do ano mas nós vamos tentar coordenar ai o que a gente consegue ajustar. A saúde é a minha prioridade da gente conseguir resolver“, disse Abílio Brunini.

No dia 1° de outubro, o prefeito anunciou um decreto de alerta financeiro especificamente para a Secretaria Municipal de Saúde. Esse tipo de decreto não altera a rotina legal de contratações nem permite dispensa de licitação, como ocorre no caso de uma calamidade pública, que é um estágio mais grave.

A situação ocorre mesmo após a gestão municipal ter aberto mão da taxa do lixo, cancelado o programa de refinanciamento de dívidas (Refis) e recusado um empréstimo de mais de R$ 180 milhões já aprovado pela Câmara Municipal. Segundo apuração do “Blog do Popó”, mais de 200 trabalhadores da Limpurb foram demitidos nas últimas semanas, provocando acúmulo de lixo e sujeira em vários bairros da cidade.

Em janeiro deste ano, no terceiro dia de gestão, Abílio assinou um decreto de calamidade financeira que teve a duração de 180 dias. A medida determinava a redução de despesas em 40%, além da reavaliação de licitações e contratos. À época, a justificativa do prefeito foi a “situação fiscal deixada pela gestão anterior”.

Fonte: https://horadopovo.com.br/votei-em-voce-e-me-arrependo-desabafa-eleitora-sobre-prefeito-bolsonarista-de-cuiaba/