
No aniversário de 413 anos de São Luís, a voz da juventude ecoa como um lembrete de que a cidade não é feita apenas de sua memória histórica, mas também dos sonhos, inquietações e desejos de quem constrói o presente e imagina o futuro. O Imparcial conversou com diferentes jovens que vivem ou têm laços com a capital maranhense; o que compartilharam mostra o sentimento que eles têm pela cidade hoje.
Comunicação e pertencimento
Estudante de Publicidade e Propaganda, Victoria Souza, 18 anos, acredita que São Luís precisa olhar para si mesma com mais orgulho.
“Gostaria de ver a identidade cultural da cidade sendo mais valorizada de verdade, principalmente no sentido de como ela é comunicada. Temos um potencial enorme de mostrar nossa riqueza cultural e criatividade de forma moderna, sem perder nossas raízes.”
Ela também valoriza a essência da cidade e o que inspira sua criação.

“O que me inspira hoje são as manifestações culturais, as cores, os sotaques e até o jeito espontâneo das pessoas daqui. Isso é muito forte e eu gostaria que essa essência fosse preservada para as próximas gerações, porque é o que diferencia São Luís e a torna tão especial!”.
A saudade de quem está longe
Mesmo morando em Caxias por conta da faculdade, a estudante de Letras Sofia Bastos, 19 anos, guarda São Luís como casa e refúgio.
“Apesar de estar no interior, São Luís é definitivamente a minha casa. O que mais sinto falta é a liberdade que a cidade me dá: poder pegar um ônibus e parar nas praias ou andar pelas ruas do Centro Histórico. Essa particularidade da ilha magnética é de encantar qualquer pessoa.”
Sofia também defende a preservação de bairros importantes para a identidade da cidade.

“São Luís é uma cidade rica em diversidade, gostaria muito de ver a preservação e investimento infraestrutural dos bairros Coroadinho, Liberdade, entre outros de Território Quilombola Urbano, que são de extrema importância para a nossa resistência e fortalecimento da cultura local.”
A cidade como inspiração diária
Natural de Pernambuco, mas criada em São Luís desde a infância, Marcella Melo, 22 anos, biomédica, modelo e criadora de conteúdo, diz que foi na ilha que encontrou um lugar para florescer.
“Viver em São Luís é estar constantemente envolvida por uma aura mágica. Posso me perder entre os azulejos do Centro Histórico e, no mesmo dia, me encontrar nas ondas do mar. Essa cidade me ensinou a ver a vida com mais cor, música e espiritualidade.”
Entre tantas memórias, ela destaca o orgulho de viver a tradição do bumba meu boi.

“A experiência mais marcante foi sair de índia no bumba meu boi. É uma imersão de corpo e alma, um encontro com a ancestralidade. dançar e cantar essas toadas, é como se o tempo parasse e eu fosse atravessada por gerações de tradição e força.”
Ao produzir conteúdo digital, Marcella enxerga São Luís de forma ainda mais intensa.
”Eu aprendi a enxergar beleza nos detalhes: no pôr do sol que banha o mar de dourado, no batuque que ecoa nas festas populares, nos sorrisos que carregam amor. criar aqui é sentir orgulho de fazer parte dessa terra que é poesia viva. vira e mexe eu enalteço essa cidade ancestral e me surpreendo cada dia mais com as belezas que ela oferece, mesmo morando aqui há 17 anos.”
A poesia das margens
A escritora, compositora e arte-educadora Mila Martins, 22 anos, vê em São Luís uma cidade feita também de ausências e resistências.
“Nós costumamos ter uma visão muito poética de São Luís através dos olhos de escritores renomados que romantizam o pôr do sol. Mas a minha visão vai muito além dos pontos turísticos. O reflexo da cidade que eu conheço é o do ônibus lotado e o dia a dia acelerado demais para ver o pôr do sol — e isso também é poesia.”
Para ela, a arte é uma ferramenta essencial de transformação.

“A arte é um objeto de transformação com um potencial gigantesco. Oficinas e rodas de conversa dão aos jovens a possibilidade de expressão, uma opção de renda e uma forma de escapar da marginalidade imposta ao povo negro e periférico. Uma cultura que tem juventude é uma cultura que não morre.”
Juventude que constrói futuro
O que as falas de Victoria, Sofia, Marcella e Mila mostram é que São Luís vai além dos cartões-postais. A cidade vive em cada bairro, nas expressões culturais e nos desafios . Aos 413 anos, a capital maranhense se reflete nos olhos de quem a vive — ou carrega no coração — a Ilha do Amor.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/413-anos-de-historia-o-olhar-dos-jovens-sobre-sao-luis/