
O dia 28 de julho de 1823 representa um momento de grande relevância na história do Maranhão e do Brasil como um todo, pois marca a adesão oficial da província do Maranhão à Independência do Brasil. Este evento não apenas simboliza a ruptura com o domínio colonial português, mas também constitui um marco na construção da identidade e formação maranhense e nacional, refletindo as complexidades, resistências e negociações que envolveram esse processo de emancipação.
A Independência do Brasil, embora tradicionalmente muitas vezes lembrada por sua aparente tranquilidade, foi, na realidade, marcada por episódios de conflito, resistência e estratégias diplomáticas. No norte do Brasil, hoje, nordeste, especialmente na região do Maranhão, ocorreram batalhas e confrontos entre tropas realistas, que desejavam manter o controle colonial, e forças independentes, compostas por grupos locais e de províncias vizinhas, como Ceará e Piauí. Essas ações refletiam o desejo de autonomia de uma população que ansiava por liberdade e por um futuro soberano.
Um dos protagonistas desse processo do lado português foi o Major João José da Cunha Fidié, líder militar que comandou a resistência local, principalmente em Caxias. Contudo, um dos episódios mais marcantes foi a intervenção do estrategista escocês Lorde Thomas Cochrane, um veterano das guerras napoleônicas, contratado por D. Pedro I para auxiliar na conquista das províncias do norte. Cochrane utilizou táticas de blefe, manobras militares e estratégias de negociação que culminaram na rendição pacífica das forças portuguesas em São Luís, sem a necessidade de confrontos armados prolongados. Essa intervenção foi decisiva para garantir a adesão do Maranhão à causa da independência, consolidando uma vitória que teve grande impacto simbólico e político, em que pese a grande contribuição das tropas independentistas que marchavam do interior em direção à capital da província.
Politicamente, a adesão do Maranhão à Independência foi fundamental para a formação do Brasil como uma nação unificada. Apesar de a emancipação política não ter alterado imediatamente a estrutura social baseada na escravidão e no regime monárquico, ela representou uma ruptura significativa com o domínio colonial português, abrindo caminho para a construção de uma identidade nacional mais sólida e autônoma. A data de 28 de julho passou a simbolizar a coragem, a resistência e o protagonismo de diversos povos e regiões que contribuíram para a consolidação do Brasil independente, tornando-se a partir daí a data Magna do estado, sendo considerado feriado estadual desde o século XIX.
É importante destacar que esse processo envolveu a participação de diferentes grupos sociais, incluindo brasileiros livres, escravizados, mestiços, indígenas e colonos de diversas origens. Cada um deles desempenhou um papel na luta por liberdade e autonomia, contribuindo para a formação de uma sociedade plural e diversa. Assim, celebrar essa data é reconhecer a importância de todos esses atores na construção do nosso país.
A reflexão sobre o 28 de julho nos permite compreender as raízes do Maranhão e do Brasil, valorizar o legado cultural e histórico que herdamos. Conhecer os detalhes desse processo histórico é fundamental para que possamos entender as nossas origens, os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas ao longo do tempo. Além disso, essa compreensão nos incentiva a valorizar a nossa identidade, a promover o respeito às nossas diversidades e a construir um futuro mais consciente e participativo.
Em suma, o 28 de julho é uma data que transcende o seu aspecto comemorativo, representando um símbolo de emancipação, resistência e construção coletiva. Celebrar essa data é reconhecer o esforço de todos aqueles que lutaram por liberdade e autonomia, e reafirmar o compromisso de continuar construindo um Brasil mais justo, soberano e plural.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/a-independencia-do-maranhao-e-os-sentidos-do-28-de-julho-na-construcao-nacional/