8 de outubro de 2025
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Um a cada três residentes da Amazônia Legal (32%) sente diretamente os efeitos das alterações climáticas. É o que aponta o levantamento de percepção da população Mais Dados Mais Saúde – Clima e Saúde na Amazônia Legal, publicado nesta quarta-feira (08).

Segundo a pesquisa, essa realidade é ainda mais presente entre pessoas que se identificam como parte de povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos e seringueiros. Especificamente neste caso, 42,2% deles afirmam sentir os efeitos causados pelas mudanças no clima.

De acordo com Luciana Vasconcelos Sardinha, diretora adjunta de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da Vital Strategies e responsável técnica pela pesquisa, as alterações climáticas refletem no dia a dia e no cotidiano dessa população da Amazônia Legal.

“A Amazônia vem priorizando a implantação de muitas hidrelétricas, grandes negócios agropecuários, grandes desmatamentos. E isso tem uma consequência. Esse modelo de desenvolvimento acaba sendo excludente e predatório, reforçando pobrezas e desigualdades. E os povos tradicionais são afetados diretamente por essas consequências”, afirmou Luciana.

Entre as percepções mais comuns sentidas pelos moradores da Amazônia Legal estão o aumento da conta de energia elétrica (83,4%), o crescimento da temperatura média (82,4%), a elevação da poluição do ar (75%), a maior ocorrência de desastres ambientais (74,4%) e o aumento dos valores de alimentos (73%).

A pesquisa foi realizada entre os dias 27 de maio e 24 de julho de 2025, de forma online, com 4.037 pessoas que vivem em um dos nove estados – Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins – que compõem a Amazônia Legal.

Temperaturas elevadas

A cada três moradores da Amazônia Legal, dois (64,7%) relataram ter vivenciado ondas de calor, com temperaturas superiores a média local. Além disso, aproximadamente um terço desses residentes (29,6%) também comunicou que, nos últimos dois anos, acompanhou eventos de seca persistente influenciada por mais calor e menos chuva, além de incêndios florestais que causaram impacto em suas atividades diárias (29,2%).

Nesse mesmo tempo, os residentes também afirmaram ter acompanhado situações de desmatamento ambiental (28,7%), de piora da qualidade do ar (26,7%) e de piora na qualidade da água (19,9%) na região.

Entre as pessoas que se identificam como parte de algum povo ou comunidade tradicional, os relatos mais fortes foram de piora na qualidade de água (24,1%) e de problemas na produção de alimentos (21,4%).

Comportamentos alterados

O levantamento indica que as mudanças climáticas já provocaram alteração nos comportamentos dos moradores da Amazônia Legal. Metade da população relata ter reduzido práticas que acredita poder contribuir para o agravamento do problema (53,3%) e 38,4% afirmaram sentir culpa por desperdiçar energia. A maioria dos moradores costuma separar o lixo para reciclagem (64%), prática ainda mais comum entre povos e comunidades tradicionais (70,1%).

De acordo com a responsável pelo estudo, apesar dos povos tradicionais serem os mais impactados pelas alterações climáticas, são eles também que produzem respostas mais eficazes para essas consequências. “O respeito a essa diversidade cultural, que vem desses saberes (tradicionais) é muito importante quando a gente pensa em como solucionar ou melhorar a qualidade de vida”, explicou ela.

A gente observa que os povos tradicionais estão mais expostos por serem mais vulneráveis e terem, em geral, menor renda e menor escolaridade. Isso está transformando diretamente o território em que eles vivem e seu modo de vida. Mas isso mostra o potencial que eles têm para se reinventar. Eles se organizam muito de forma comunitária, em rede, o que tem ajudado a mitigar as consequências dessas mudanças climáticas”, afirma Luciana.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/10/alteracoes-climaticas-ja-impactam-vida-na-amazonia-legal/