24 de junho de 2025
Balsas ocupa segundo lugar entre cidades com maior número de
Compartilhe:

Nos últimos 40 anos, quase metade da área queimada no Brasil esteve concentrada em apenas três estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. Juntos, somam mais de 96,6 milhões de hectares atingidos pelo fogo pelo menos uma vez — o equivalente a 47% de toda a área queimada no país no período.

Nesses estados, a área queimada acumulada entre 1985 e 2024 foi de: Mato Grosso (44.981.584 hectares), Pará (31.251.958 hectares) e Maranhão (20.422.849 hectares). Esses e outros dados foram publicados na última terça-feira (24) de forma inédita no Relatório Anual do Fogo do Brasil, com base na quarta coleção do MapBiomas Fogo, que traz mapas de cicatrizes de fogo no Brasil desde 1985 a 2024. O estudo é coordenado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e outras instituições.

Relatório Anual do Fogo no Brasil – MapBiomas Fogo

A conclusão do levantamento é que Cerrado e Amazônia, juntos, tiveram 177 milhões de hectares queimados pelo menos uma vez nas últimas quatro décadas, uma área equivalente ao território do México, atingida apenas nesses dois biomas.

Na Amazônia, 2024 foi um ano recorde em extensão de área queimada, com 15 milhões de hectares atingidos, um aumento de 85% em relação a 2023 e o maior total registrado desde 1985. Até agora, o bioma acumula 87 milhões de hectares queimados, o que representa 21% de sua área total.

No Cerrado, o aumento foi de 75% em comparação ao ano anterior, com 10,5 milhões de hectares queimados em 2024. Desde 1985, 45% do bioma já foi atingido pelo fogo pelo menos uma vez, cerca de 89 milhões de hectares.

Em todo o território brasileiro, o fogo atingiu 206 milhões de hectares nos últimos 40 anos, o equivalente a 24% da área do país. Isso supera o território de países como Irã e Indonésia e é oito vezes maior que o estado de São Paulo. Só em 2024, foram queimados 30 milhões de hectares, um aumento de 87% em relação a 2023, quando o número foi de 15,9 milhões de hectares. O total de 2024 ficou 62% acima da média histórica desde 1985.

Segundo Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM e coordenador do mapeamento da Amazônia, mesmo com a queda no desmatamento, o uso do fogo na conversão florestal e no manejo agropecuário, associado ao agravamento das condições climáticas, como longos períodos de seca e aumento de temperaturas, tem intensificado os incêndios. Isso torna os focos de fogo mais frequentes e difíceis de controlar, especialmente na Amazônia. Ele aponta ainda o avanço da fronteira agrícola como outro fator que contribui para o aumento das queimadas, sobretudo em Mato Grosso, Pará e Maranhão.

Outras regiões do país também registraram aumento da área queimada. Dos seis biomas brasileiros, quatro tiveram alta na ocorrência de fogo em 2024. A Amazônia e a Mata Atlântica, em particular, tiveram as maiores áreas queimadas dos últimos 40 anos.

Na análise por estados, os demais integrantes do Matopiba — Tocantins, Piauí e Bahia — completam as seis primeiras posições no ranking de áreas mais queimadas. Juntos, os estados do Matopiba concentram mais de 64 milhões de hectares queimados desde 1985.

No recorte municipal, apenas 15 municípios (sete no Cerrado, seis na Amazônia e dois no Pantanal) foram responsáveis por 10% de toda a área queimada no Brasil nas últimas quatro décadas. Corumbá (MS) e São Félix do Xingu (PA) lideram a lista e são os únicos a ultrapassar 3 milhões de hectares queimados cada. Entre os municípios maranhenses, Balsas e Alto Parnaíba aparecem na 10ª e 13ª posição, com 1.171.108 e 1.000.736 hectares queimados, respectivamente.

O estudo também aponta que o uso recorrente do fogo é padrão no Brasil: 64% da área atingida foi queimada mais de uma vez nos últimos 40 anos. Cerca de 3,7 milhões de hectares foram queimados mais de 16 vezes desde 1985.

A sazonalidade é outro fator relevante: 72% das áreas queimadas ocorreram entre agosto e outubro, período de seca no centro do país, quando a vegetação está mais vulnerável.

No Maranhão, o Governo Estadual informou, em abril deste ano, uma redução no desmatamento no primeiro bimestre de 2025: 63,87% a menos no Cerrado e 41,08% na Amazônia, resultado das ações do Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento e Queimadas.

Entre os fatores apontados para a queda estão o reflorestamento de áreas degradadas pelo programa Floresta Viva Maranhão, o projeto Maranhão Sem Queimadas e o monitoramento diário por satélite, que aumentou a aplicação de multas para infratores. O Floresta Viva também trabalha com a recuperação de áreas degradadas, comercialização de créditos de carbono e o desenvolvimento sustentável.

A meta do Maranhão Sem Queimadas é atender todos os municípios do estado, com atenção especial àqueles no Cerrado, onde as queimadas são mais frequentes. O objetivo é minimizar os impactos ambientais, como a degradação de ecossistemas e perda de biodiversidade, e garantir benefícios para a população.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/06/amazonia-e-cerrado-possuem-86-da-area-queimada-nos-ultimos-40-anos/